São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

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PF prende oito na terceira fase da Operação Furacão

Dois delegados federais e um ex-deputado, investigados em esquema que envolve casas de bingo, estão entre os detidos

Atual estágio da apuração teve início com recebimento de propina por delegado, no fim de 2005, para atuar em prol de empresários do jogo

DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Federal prendeu ontem oito pessoas -entre elas dois delegados federais e o ex-deputado federal José Índio (PMDB-SP)- na terceira fase da Operação Hurricane (furacão, em inglês), que investiga um esquema de corrupção em diferentes esferas em benefício de contraventores e donos de casas de bingos.
Seis das prisões aconteceram no Rio de Janeiro, e outras duas ocorreram em São Paulo e no Distrito Federal. Foram expedidos 13 mandados de prisão, porém quatro pessoas já estavam com prisão decretada em outra fase do processo e uma pessoa está foragida.
Apesar de acontecer só agora, mais de dois meses após a prisão de desembargadores e da cúpula do jogo do bicho no Rio, a terceira fase da operação foi a que deu origem a todo o caso.
Essa fase da operação teve início a partir de investigação da polícia sobre o pedido e o recebimento de propina pelo delegado federal Osvaldo da Cruz Ferreira (da Delegacia Fazendária) e mais três policiais, que são investigados em inquérito sobre bingos, no fim de 2005.
Segundo o superintendente da PF no Rio, Delci Teixeira, os policiais atuavam em inquérito relativo a casas de bingo e receberam propina para não incriminar os investigados.
"Como dirigente, tenho isso [as prisões] como constrangedor. São servidores que chefiam setores, com cargos importantíssimos, cometendo desvios de conduta e sendo presos", disse o superintendente Delci Teixeira, referindo-se aos dois delegados e dois escrivães -um da ativa e um aposentado- presos sob suspeita de envolvimento no esquema.
O ex-deputado federal José Índio (PTB) e o assessor parlamentar Wilber Corrêa Silva teriam atuado fazendo lobby junto à CPI dos Bingos, no Congresso Nacional, a fim de beneficiar investigados.
Uma ação de busca e apreensão em três endereços do policial civil Paulo Boca não resultou em nada apreendido.
Para o superintendente da PF, a libertação de presos da Operação Hurricane, determinada em habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal, pode prejudicar as investigações.
"É bem possível que atrapalhe. Essas pessoas fora [da cadeia] poderão fazer contatos e subtrair provas. Porém é evidente que daremos cumprimento imediato à decisão."
A Operação Hurricane terá "certamente" novos desdobramentos, afirmou Teixeira. Em 13 de abril, a primeira fase da operação da PF foi deflagrada, quando foram presos empresários de jogos, entre eles Aílton Guimarães Jorge, o capitão Guimarães; Aniz Abraão David, o Anísio; e Antonio Petrus Kalil, o Turcão.
Até a conclusão desta edição, a Folha não teve acesso aos presos ou a seus advogados.


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