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Planalto libera R$ 667 mi em emendas no último mês
Recursos equivalem a 98,5% do total do ano; aliados ao governo são privilegiados
Nos primeiros cinco meses, foram liberados R$ 10 mi, diz o PSDB; base terá 61% da verba pedida, enquanto a oposição ficará com 46%
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na corrida para empenhar
verbas de emendas parlamentares antes das eleições, o governo assumiu nos últimos 33
dias o compromisso com o pagamento de R$ 667 milhões,
98,5% do total do ano, segundo
levantamento feito pela assessoria do PSDB, com base no
Siafi (sistema de acompanhamento de gastos federais).
Os números também revelam que o governo favoreceu no
empenho das emendas os parlamentares candidatos a prefeito ou vice de sua base.
Dos 88 congressistas que vão
concorrer, 65 são aliados ao
Planalto e 23 são de partidos
oposicionistas. Do total da verba pedida pelos candidatos governistas, o Planalto se comprometeu com 61%. Já com a
oposição, se comprometeu com
46% do que foi pedido.
O levantamento mostra que,
nos primeiros cinco meses do
ano, foram empenhados cerca
de R$ 10 milhões em emendas
individuais contra os R$ 667
milhões dos últimos 33 dias.
Do total empenhado no ano,
o PMDB, maior partido da base
aliada, foi o mais beneficiado.
Os dados da assessoria tucana
mostram que, para seus parlamentares, o governo se comprometeu em gastar cerca de
R$ 144 milhões. O PT foi o segundo maior beneficiado, com
R$ 88 milhões. O DEM, um dos
principais partidos da oposição, vem em terceiro, com cerca de R$ 75 milhões.
O compromisso de gastos do
governo também aumentou às
vésperas da votação do projeto
que criou a CSS (Contribuição
Social para a Saúde) na Câmara, no mês passado.
O líder do PSDB na Câmara,
deputado José Aníbal (SP), disse acreditar que o crescimento
na liberação de emendas parlamentares no último mês seja
uma forma de o governo "agraciar" seus parlamentares, principalmente os candidatos.
"O marketing no governo é
muito forte e as emendas são
uma forma grande de fazer propaganda nas cidades. É esse o
procedimento do PT e de sua
base, partidos de circunstância,
que negociam emendas, que
negociam cargos. Eles negociam permanentemente."
A legislação proíbe a transferência de renda extra da União
para municípios 90 dias antes
das eleições -o prazo se encerra hoje. Por isso, em ano eleitoral os empenhos são maiores
no primeiro semestre. O governo só pode voltar a realizar empenhos após o segundo turno.
Em 2004, também houve um
aumento significativo no empenho em junho, mês que antecede a proibição. Foram
R$ 366,7 milhões no semestre,
sendo que, naquele ano, cada
parlamentar só podia apresentar até R$ 2,5 milhões. Em
2008, pode até R$ 8 milhões.
O subchefe de assuntos parlamentares do Ministério das
Relações Institucionais, Marcos Lima, admitiu que a ordem
do governo é empenhar o máximo possível. Ele alega que, se
for esperar pelo segundo turno,
só terá dois meses para liberar
tudo. Segundo ele, a intenção
era empenhar, até hoje, cerca
de R$ 3,5 bilhões, entre todos
os tipos de emenda. Em 2007,
diz, esse foi o valor total de empenhos. O valor máximo para
apresentar emenda no ano passado, porém, era menor. Lima
nega caráter eleitoreiro.
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