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SEMINÁRIO
Edgar Morin participou do encontro "A ética do Futuro"
Sociólogo francês quer valores
éticos aplicados globalmente
WILSON TOSTA
da Sucursal do Rio
O sociólogo francês Edgar Morin
defendeu ontem -último dia do
seminário internacional "A Ética
do Futuro", promovido pela
Unesco- a elaboração de uma
"ética da pátria-Terra", conjunto
de valores universais para a humanidade no planeta globalizado.
Segundo Morin, o processo seria, na verdade, uma volta a valores éticos tradicionais, que seriam
usados na abordagem dos novos
problemas impostos pelo avanço
do conhecimento científico, da integração econômica e das mudanças sociais e políticas, cada vez
mais intensas.
"Não existe nova ética, não é algo que se possa criar, como a nova
cozinha francesa", disse ele à Folha. De acordo com Morin, os valores éticos a que se referia podem
ser encontrados em religiões como
o budismo, o cristianismo e o islamismo, além de outras fontes, como o pensamento filosófico.
Para o sociólogo, a globalização
cria uma unidade mas não uma
comunidade, em um processo que
ignora os indivíduos. Pelo conceito de "pátria-Terra", o planeta
passaria a ser encarado por todos
os homens da mesma forma que
hoje são encarados os Estados nacionais por seus cidadãos.
"Se não nos considerarmos só
membros de nossas pátrias, da
França ou do Brasil, mas da Terra,
teremos incorporado uma ética",
afirmou o sociólogo.
Morin enumerou entre os problemas a ser enfrentados eticamente o direito de eliminar embriões, de manter vivos pacientes
terminais e de clonagem.
O diretor da Unidade de Análise
e Previsão da Unesco (sigla em inglês de Organização das Nações
Unidas para Educação, Ciência e
Cultura), Jérôme Bindé, destacou
a necessidade de haver solidariedade não só em relação ao presente, mas ao futuro.
Bindé citou o aumento da população, o conflito entre meio ambiente e desenvolvimento, o aquecimento da Terra, a desertificação,
a poluição e a escassez de água como problemas que ameaçam as gerações futuras.
O seminário internacional "A
Ética do Futuro" começou no último dia 2 e acabou ontem. Ele é
parte da "Agenda do Milênio",
que já promoveu dois outros seminários: "Pluralismo Cultural,
Identidade e Globalização" e "Representação e Complexidade".
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