São Paulo, sábado, 5 de julho de 1997.



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SEMINÁRIO
Edgar Morin participou do encontro "A ética do Futuro"
Sociólogo francês quer valores éticos aplicados globalmente

WILSON TOSTA
da Sucursal do Rio

O sociólogo francês Edgar Morin defendeu ontem -último dia do seminário internacional "A Ética do Futuro", promovido pela Unesco- a elaboração de uma "ética da pátria-Terra", conjunto de valores universais para a humanidade no planeta globalizado.
Segundo Morin, o processo seria, na verdade, uma volta a valores éticos tradicionais, que seriam usados na abordagem dos novos problemas impostos pelo avanço do conhecimento científico, da integração econômica e das mudanças sociais e políticas, cada vez mais intensas.
"Não existe nova ética, não é algo que se possa criar, como a nova cozinha francesa", disse ele à Folha. De acordo com Morin, os valores éticos a que se referia podem ser encontrados em religiões como o budismo, o cristianismo e o islamismo, além de outras fontes, como o pensamento filosófico.
Para o sociólogo, a globalização cria uma unidade mas não uma comunidade, em um processo que ignora os indivíduos. Pelo conceito de "pátria-Terra", o planeta passaria a ser encarado por todos os homens da mesma forma que hoje são encarados os Estados nacionais por seus cidadãos.
"Se não nos considerarmos só membros de nossas pátrias, da França ou do Brasil, mas da Terra, teremos incorporado uma ética", afirmou o sociólogo.
Morin enumerou entre os problemas a ser enfrentados eticamente o direito de eliminar embriões, de manter vivos pacientes terminais e de clonagem.
O diretor da Unidade de Análise e Previsão da Unesco (sigla em inglês de Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), Jérôme Bindé, destacou a necessidade de haver solidariedade não só em relação ao presente, mas ao futuro.
Bindé citou o aumento da população, o conflito entre meio ambiente e desenvolvimento, o aquecimento da Terra, a desertificação, a poluição e a escassez de água como problemas que ameaçam as gerações futuras.
O seminário internacional "A Ética do Futuro" começou no último dia 2 e acabou ontem. Ele é parte da "Agenda do Milênio", que já promoveu dois outros seminários: "Pluralismo Cultural, Identidade e Globalização" e "Representação e Complexidade".



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