São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2000


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PAINEL

Morreu de novo
Enterrada antes do caso Eduardo Jorge e ressuscitada de afogadilho para criar um fato positivo para o governo, a reforma tributária apresentada pela dupla Pedro Malan/Everardo Maciel ao Congresso subiu novamente no telhado. O empenho para aprová-la, falso, sumiu depois que EJ parece ter tirado a nuvem negra da cabeça de FHC.

Grito dos Bandeirantes
Depois de Mário Covas, que classificou a reforma tributária de "um desastre" para São Paulo, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), afirma que não tem condições de votar a proposta do governo. Razão: "Ela deixa o setor produtivo em situação pior do que a que vive hoje". Sem acordo com São Paulo, não existe reforma.

Fritada tributária
Temer esteve reunido ontem com o Jorge Gerdau, o presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva, e o presidente da CNI, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, entre outros empresários. Na reunião, a proposta de reforma tributária do governo foi enxovalhada.

Recado ao Planalto
Comentário de um dos presentes à reunião entre Michel Temer e empresários para tratar da reforma tributária: "Não se pode deixar uma mudança econômica com tanto impacto sobre a estrutura social nas mãos do arrecadador". A orelha de Everardo Maciel, secretário da Receita, deve ter queimado.

Mais uma chance
Pelo sim, pelo não, Jorge Gerdau telefonou ontem ao Palácio do Planalto e pediu uma audiência com FHC. O empresário ainda quer tentar negociar a ressurreição da falecida.

Solidariedade
Cerca de 300 presos do Baldomero Cavalcante, em Alagoas, não almoçaram na quinta-feira. Resolveram doar suas refeições para os desabrigados pelas enchentes no Estado.

Para inglês ver
O prefeito de Recife (PE), Roberto Magalhães (PFL), pediu licença para disputar a reeleição fora do cargo. Mas, em campanha, manda mais do que o vice, Raul Henri, que assumiu em seu lugar. O pefelista diz que, ao contrário de Hitler e Napoleão, o "general inverno" que inundou cidades pernambucanas não vai derrotá-lo em outubro.


Em fogo brando
A subcomissão que investiga EJ será mantida em fogo brando por PFL e PMDB. A temperatura será maior ou menor de acordo com as concessões do Planalto aos aliados. "Pragmaticamente", diz um cacique aliado, "o sucesso do depoimento do Eduardo Jorge não quer dizer nada. Anteontem o governo ganhou. Amanhã é outra história".

Ressacão
FHC, que há duas semanas dizia temer uma "grande decepção" com EJ, ontem repetia a interlocutores não ter ""dúvidas" de que o ex-ministro "é um sujeito de bem". Mas o presidente avalia que não há nada a comemorar: o governo saiu bastante "desgastado" do episódio.

Ponto de interrogação
Contradição no depoimento de Eduardo Jorge que passou despercebida pela oposição: se o governo não tem nenhuma interferência na liberação dos recursos para os tribunais, por qual motivo EJ encaminhou o juiz Nicolau dos Santos Neto, como ele admitiu, para o então secretário-executivo do Planejamento, Martus Tavares?

Ajuda indireta
O tom agressivo da oposição no depoimento de EJ, na avaliação do Planalto, teve um lado positivo: passou a sensação de que não há uma pizza no forno.

Voz das trevas
Quem liga para o celular de Nelson Biondi, marqueteiro de Maluf, tem a impressão de que discou errado. Quem atende é Gil Gomes. E fala em tom cavernoso: "Não adianta insistir! O Nelson não pode atender! Está em campanha! Ligue depois!".

TIROTEIO


Do economista Guido Mantega, professor da FGV-SP e assessor econômico de Lula, sobre o escândalo EJ/TRT-SP:
- O inglês Adam Smith inventou a mão invisível do mercado, mas alguns brasileiros criativos inventaram a mão invisível dentro do Estado.

CONTRAPONTO

É melhor chamar o homem
No "day after" do depoimento de Eduardo Jorge no Senado, ainda sob o impacto da repercussão positiva de sua performance para o governo FHC, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), reuniu-se ontem com empresários para discutir a reforma tributária.
Estavam presentes à reunião Jorge Gerdau, Ernani Galvêas, Horácio Lafer Piva (Fiesp) e Carlos Eduardo Moreira Ferreira (CNI), entre outros.
Todos pareciam pasmos com a proposta de reforma enviada pelo governo ao Congresso. Foi então que um dos presentes, cheio de dúvidas, perguntou:
- Mas, afinal, o que pretende o governo? O que eles querem com essa reforma esdrúxula?
Silêncio no ar. Até que um outro empresário teve a luz:
- Isso ninguém sabe, mas só vejo uma saída. A gente deve contratar o EJ para tentar entender o que pensa o governo!!!


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