São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2000


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Promotoria quer ouvir Floriano Vaz sobre encontro

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal pretende ouvir o atual presidente do TRT (Tribunal Regional do Trabalho), Floriano Vaz da Silva, sobre os encontros que ele teve em 98 com o então ministro da Justiça, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge.
Vaz da Silva havia dito anteontem que procurara Calheiros e EJ para tentar obter uma verba suplementar para o término do Fórum Trabalhista, que seria concluído por meio de uma segunda concorrência pública.
Ontem, Vaz da Silva afirmou que o principal motivo da viagem não era o término da obra, mas discutir o processo movido contra a União sobre as irregularidades da obra.
"Após consultar algumas anotações da época e conversar com duas pessoas que viajaram comigo, lembrei que o assunto principal era a questão da AGU (Advocacia Geral da União)", disse Vaz da Silva.
O Ministério Público Federal moveu denúncia em agosto de 98 contra os envolvidos nos indícios de superfaturamento da obra, na qual a União constava como ré, como representante do TRT.
No encontro, em 6 de outubro, Calheiros teria orientado Vaz da Silva a procurar Eduardo Jorge Caldas Pereira. O ex-secretário-geral seria a pessoa indicada para conversar sobre o caso com o então advogado-geral da União, Geraldo Quintão, responsável pelo órgão ao qual compete defender a União.
Na época, Eduardo Jorge já havia saído do governo para coordenar a campanha de FHC.
O presidente do TRT afirmou que expôs a Calheiros e, depois, a Eduardo Jorge a situação em que se encontrava a obra do fórum, mas que esse não teria sido o principal motivo da visita, conforme havia afirmado anteontem.
Na ação (12ª Vara Civil), a União constava como pólo passivo. Com a interferência da AGU, a União passou a co-autora, ao lado do Ministério Público.
Vaz da Silva disse que a União, como representante do TRT, não poderia constar como ré em um processo, já que o envolvido não seria o tribunal e sim o ex-presidente Nicolau dos Santos Neto.
Segundo o presidente do TRT, essa preocupação o teria levado a procurar o Ministério da Justiça, para que este entrasse em contato com a AGU.
A Advocacia Geral da União possui representação em São Paulo, que defende a União automaticamente em todos os processos em que esta consta como ré.
O encontro com Calheiros, segundo Vaz da Silva, teria sido intermediado pelo advogado Guilherme Gantus, conhecido do presidente do TRT, e que teria contato com Renan Calheiros.

Intermediário
Gantus é filho do ex-juiz classista Miguel Gantus Junior. Ele afirmou que no encontro foi tratado apenas da questão do processo contra a União. Ele também esteve no apartamento no qual EJ conversou com Vaz da Silva, mas disse que não entrou na sala onde ocorreu a reunião.
O encontro, de cerca de 10 minutos, teria ocorrido em um apartamento residencial em Brasília. "Mesmo não se tratando da liberação de verba, é estranho ter de procurar alguém que não estava mais no governo para manter contato com alguém que está no governo", disse Vaz da Silva.
EJ teria ouvido as exposições do presidente do TRT referentes à necessidade de ter um contato com Quintão para que se fizesse a defesa da União no caso.
Vaz da Silva não recebeu resposta no dia, mas diz ter mantido um contato com o então advogado-geral da União posteriormente. Ele não soube dizer se o contato ocorreu em razão da influência de Eduardo Jorge.


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