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Promotoria quer ouvir Floriano Vaz sobre encontro
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
pretende ouvir o atual presidente
do TRT (Tribunal Regional do
Trabalho), Floriano Vaz da Silva,
sobre os encontros que ele teve
em 98 com o então ministro da
Justiça, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o ex-secretário-geral
da Presidência Eduardo Jorge.
Vaz da Silva havia dito anteontem que procurara Calheiros e EJ
para tentar obter uma verba suplementar para o término do Fórum Trabalhista, que seria concluído por meio de uma segunda
concorrência pública.
Ontem, Vaz da Silva afirmou
que o principal motivo da viagem
não era o término da obra, mas
discutir o processo movido contra a União sobre as irregularidades da obra.
"Após consultar algumas anotações da época e conversar com
duas pessoas que viajaram comigo, lembrei que o assunto principal era a questão da AGU (Advocacia Geral da União)", disse Vaz
da Silva.
O Ministério Público Federal
moveu denúncia em agosto de 98
contra os envolvidos nos indícios
de superfaturamento da obra, na
qual a União constava como ré,
como representante do TRT.
No encontro, em 6 de outubro,
Calheiros teria orientado Vaz da
Silva a procurar Eduardo Jorge
Caldas Pereira. O ex-secretário-geral seria a pessoa indicada para
conversar sobre o caso com o então advogado-geral da União, Geraldo Quintão, responsável pelo
órgão ao qual compete defender a
União.
Na época, Eduardo Jorge já havia saído do governo para coordenar a campanha de FHC.
O presidente do TRT afirmou
que expôs a Calheiros e, depois, a
Eduardo Jorge a situação em que
se encontrava a obra do fórum,
mas que esse não teria sido o principal motivo da visita, conforme
havia afirmado anteontem.
Na ação (12ª Vara Civil), a
União constava como pólo passivo. Com a interferência da AGU, a
União passou a co-autora, ao lado
do Ministério Público.
Vaz da Silva disse que a União,
como representante do TRT, não
poderia constar como ré em um
processo, já que o envolvido não
seria o tribunal e sim o ex-presidente Nicolau dos Santos Neto.
Segundo o presidente do TRT,
essa preocupação o teria levado a
procurar o Ministério da Justiça,
para que este entrasse em contato
com a AGU.
A Advocacia Geral da União
possui representação em São Paulo, que defende a União automaticamente em todos os processos
em que esta consta como ré.
O encontro com Calheiros, segundo Vaz da Silva, teria sido intermediado pelo advogado Guilherme Gantus, conhecido do
presidente do TRT, e que teria
contato com Renan Calheiros.
Intermediário
Gantus é filho do ex-juiz classista Miguel Gantus Junior. Ele afirmou que no encontro foi tratado
apenas da questão do processo
contra a União. Ele também esteve no apartamento no qual EJ
conversou com Vaz da Silva, mas
disse que não entrou na sala onde
ocorreu a reunião.
O encontro, de cerca de 10 minutos, teria ocorrido em um apartamento residencial em Brasília.
"Mesmo não se tratando da liberação de verba, é estranho ter de
procurar alguém que não estava
mais no governo para manter
contato com alguém que está no
governo", disse Vaz da Silva.
EJ teria ouvido as exposições do
presidente do TRT referentes à
necessidade de ter um contato
com Quintão para que se fizesse a
defesa da União no caso.
Vaz da Silva não recebeu resposta no dia, mas diz ter mantido
um contato com o então advogado-geral da União posteriormente. Ele não soube dizer se o contato ocorreu em razão da influência
de Eduardo Jorge.
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