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ELEIÇÕES 2002/PROPAGANDA
Tucano não aparece nos outdoors dos candidatos a governador em 9 dos Estados com mais eleitores
Aliados escondem apoio a Serra nos Estados
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
Em 9 dos 12 Estados com maior
número de eleitores do país, os
aliados do candidato à Presidência José Serra (PSDB) estão escondendo seu apoio ao candidato nos
materiais de campanha.
Nesses locais, onde estão concentrados 82,9% do eleitorado
brasileiro, a fotografia de Serra
não aparecia até a semana passada na maioria dos outdoors dos
candidatos ao governo do Estado
que fazem parte da coligação
PSDB-PMDB. Seu nome também
mal era citado nos comícios.
As exceções são o candidato do
PMDB ao governo do Rio Grande
do Sul, Germano Rigotto, e a candidata ao governo do Rio, Solange
Amaral. Apesar de ser do PFL, Solange está coligada com o PSDB e
PMDB no Rio. Seu padrinho político, o prefeito Cesar Maia, é um
dos principais expoentes pefelistas que dá apoio a Serra. Também
faz campanha para o tucano o
candidato do PMDB ao governo
de Santa Catarina, Luiz Henrique.
Os Estados onde Serra está sendo escondido pelos aliados são:
São Paulo, Minas Gerais, Bahia,
Paraná, Pernambuco, Ceará, Pará, Goiás e Maranhão.
Uma das explicações para a foto
de Serra não aparecer nos outdoors dos candidatos a governador é o fato de ele estar em terceiro lugar nas pesquisas de intenção
de voto. Há um mês, quando Serra ainda estava em segundo lugar,
o candidato ao governo do Paraná, Beto Richa (PSDB), espalhou
outdoors com sua foto e do ex-ministro pelas maiores cidades do
Estado. Na última quinzena, após
a queda de Serra, o ex-ministro da
Saúde foi limado das peças.
Segundo pesquisa Datafolha
realizada na última terça-feira,
Serra tem 16% das intenções de
votos, abaixo de Ciro Gomes
(28%) e Lula (33%). Serra tinha
21% na pesquisa de 7 de junho e
20% na pesquisa realizada entre
os dias 4 e 5 de julho.
Esconder Serra pode criar uma
espécie de círculo vicioso. De um
lado, os candidatos não vinculam
sua imagem a dele temendo "contaminar" suas campanhas com o
desempenho dele nas pesquisas.
De outro, a falta de apoio regional
dificulta o crescimento.
Em Goiás, o governador Marconi Perillo (PSDB), candidato à
reeleição, fez uma coligação com
11 partidos, que apóiam diferentes candidatos ao Planalto. Para
não perder aliados, mal cita o nome de Serra nos comícios. O resultado é que a base dos tucanos
goianos, antes serrista, já começa
a acenar para a Frente Trabalhista
de Ciro Gomes (PPS-PDT-PTB).
Em Santa Catarina, apesar de
Luiz Henrique mostrar Serra em
sua campanha, o apoio mais importante seria o do governador
Esperidião Amin (PPB), candidato à reeleição e hoje favorito na
disputa. Amin anunciou seu voto
em Serra, mas não pede votos para o tucano. O governador já deixou claro que não dará exclusividade de palanque a ninguém.
Uma insinuação de que Ciro Gomes também poderá usar esse espaço.
Adesivo
Justamente no Rio, onde Solange Amaral estampou uma foto gigantesca de Serra na frente do seu
comitê, aconteceu um fato curioso. Em 23 de julho, após uma caminhada pedindo votos no bairro
de Irajá (zona norte), Rita Camata
(PMDB) - candidata à vice na
chapa de Serra- pegou uma carona com o deputado federal
Márcio Fortes, que é secretário-geral do PSDB e candidato à reeleição. Ao ver que no carro só havia um adesivo com o nome de
Fortes, perguntou: "Cadê o número do Serra aqui?".
O comando de campanha de
Serra afirma que a ausência de fotos do ex-ministro em outdoors
de candidatos a governador é resultado de um atraso no envio do
material publicitário. No entanto,
dizem, há 20 dias as coordenações
estaduais receberam a logomarca
da campanha de Serra.
No Maranhão, a coordenação
da campanha de Roberto Rocha
(PSDB) ao governo afirma que,
até a última quinta-feira, o material não havia chegado.
Nos bastidores, as informações
são outras: os tucanos locais estão
contrariados com o comando nacional do partido, que tentou rifar
a candidatura de Rocha em troca
da neutralidade da família Sarney
na disputa nacional, articulação
que acabou fracassando.
No Pará, a coordenação da campanha de Simão Jatene (PSDB)
explica que a prioridade é vincular o nome de Jatene ao do governador tucano Almir Gabriel, já
que ele tem 80% de aprovação no
Estado, segundo pesquisas locais.
Contando com 65% das intenções de voto dos pernambucanos,
o governador Jarbas Vasconcelos
(PMDB) retardou o início da sua
campanha. Quando começá-la,
promete pedir votos para Serra.
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