São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

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ELEIÇÕES 2002/PROPAGANDA

Tucano não aparece nos outdoors dos candidatos a governador em 9 dos Estados com mais eleitores

Aliados escondem apoio a Serra nos Estados

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA

Em 9 dos 12 Estados com maior número de eleitores do país, os aliados do candidato à Presidência José Serra (PSDB) estão escondendo seu apoio ao candidato nos materiais de campanha.
Nesses locais, onde estão concentrados 82,9% do eleitorado brasileiro, a fotografia de Serra não aparecia até a semana passada na maioria dos outdoors dos candidatos ao governo do Estado que fazem parte da coligação PSDB-PMDB. Seu nome também mal era citado nos comícios.
As exceções são o candidato do PMDB ao governo do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e a candidata ao governo do Rio, Solange Amaral. Apesar de ser do PFL, Solange está coligada com o PSDB e PMDB no Rio. Seu padrinho político, o prefeito Cesar Maia, é um dos principais expoentes pefelistas que dá apoio a Serra. Também faz campanha para o tucano o candidato do PMDB ao governo de Santa Catarina, Luiz Henrique.
Os Estados onde Serra está sendo escondido pelos aliados são: São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Pernambuco, Ceará, Pará, Goiás e Maranhão.
Uma das explicações para a foto de Serra não aparecer nos outdoors dos candidatos a governador é o fato de ele estar em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Há um mês, quando Serra ainda estava em segundo lugar, o candidato ao governo do Paraná, Beto Richa (PSDB), espalhou outdoors com sua foto e do ex-ministro pelas maiores cidades do Estado. Na última quinzena, após a queda de Serra, o ex-ministro da Saúde foi limado das peças.
Segundo pesquisa Datafolha realizada na última terça-feira, Serra tem 16% das intenções de votos, abaixo de Ciro Gomes (28%) e Lula (33%). Serra tinha 21% na pesquisa de 7 de junho e 20% na pesquisa realizada entre os dias 4 e 5 de julho.
Esconder Serra pode criar uma espécie de círculo vicioso. De um lado, os candidatos não vinculam sua imagem a dele temendo "contaminar" suas campanhas com o desempenho dele nas pesquisas. De outro, a falta de apoio regional dificulta o crescimento.
Em Goiás, o governador Marconi Perillo (PSDB), candidato à reeleição, fez uma coligação com 11 partidos, que apóiam diferentes candidatos ao Planalto. Para não perder aliados, mal cita o nome de Serra nos comícios. O resultado é que a base dos tucanos goianos, antes serrista, já começa a acenar para a Frente Trabalhista de Ciro Gomes (PPS-PDT-PTB).
Em Santa Catarina, apesar de Luiz Henrique mostrar Serra em sua campanha, o apoio mais importante seria o do governador Esperidião Amin (PPB), candidato à reeleição e hoje favorito na disputa. Amin anunciou seu voto em Serra, mas não pede votos para o tucano. O governador já deixou claro que não dará exclusividade de palanque a ninguém. Uma insinuação de que Ciro Gomes também poderá usar esse espaço.

Adesivo
Justamente no Rio, onde Solange Amaral estampou uma foto gigantesca de Serra na frente do seu comitê, aconteceu um fato curioso. Em 23 de julho, após uma caminhada pedindo votos no bairro de Irajá (zona norte), Rita Camata (PMDB) - candidata à vice na chapa de Serra- pegou uma carona com o deputado federal Márcio Fortes, que é secretário-geral do PSDB e candidato à reeleição. Ao ver que no carro só havia um adesivo com o nome de Fortes, perguntou: "Cadê o número do Serra aqui?".
O comando de campanha de Serra afirma que a ausência de fotos do ex-ministro em outdoors de candidatos a governador é resultado de um atraso no envio do material publicitário. No entanto, dizem, há 20 dias as coordenações estaduais receberam a logomarca da campanha de Serra.
No Maranhão, a coordenação da campanha de Roberto Rocha (PSDB) ao governo afirma que, até a última quinta-feira, o material não havia chegado.
Nos bastidores, as informações são outras: os tucanos locais estão contrariados com o comando nacional do partido, que tentou rifar a candidatura de Rocha em troca da neutralidade da família Sarney na disputa nacional, articulação que acabou fracassando.
No Pará, a coordenação da campanha de Simão Jatene (PSDB) explica que a prioridade é vincular o nome de Jatene ao do governador tucano Almir Gabriel, já que ele tem 80% de aprovação no Estado, segundo pesquisas locais.
Contando com 65% das intenções de voto dos pernambucanos, o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) retardou o início da sua campanha. Quando começá-la, promete pedir votos para Serra.


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