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ELEIÇÕES 2002/CAMPANHA
Grupo de Tasso avalia que apoio a Ciro seja o motivo; construção de barragem é prejudicada por falta de pagamento
Governo atrasa repasse a obra no Ceará
XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL
O apoio do grupo do ex-governador Tasso Jereissati (PSDB) à
candidatura de Ciro Gomes (PPS)
começou a causar problemas para
os cofres da administração cearense. A principal obra do governo, a barragem do Castanhão, já
foi paralisada no mês passado nos
municípios de Jaguaribara, Jaguaribe, Jaguaretama e Alto Santo.
A empreiteira Andrade Gutierrez deve novamente suspender os
trabalhos ainda nesta semana,
por falta do pagamento de R$ 25
milhões. Em comunicado feito ao
Sintepav (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e
Obras de Terraplanagem do Estado do Ceará), a construtora já informou que dará férias coletivas
aos empregados na obra.
O governador Beni Veras
(PSDB), mentor do grupo de empresários que levou Jereissati e Ciro ao poder no Ceará, tem criticado abertamente, em cerimônias
públicas, o comando do Ministério da Integração Nacional, responsável direto pelo repasse das
verbas para a construção.
Tasso e Veras avaliam que a escassez esteja diretamente ligada à
decisão de não fazer campanha
para o candidato tucano à Presidência, José Serra.
"O palanque dele aqui é outro",
ironiza o ex-governador do Estado e candidato ao Senado. Refere-se ao concorrente à sucessão estadual pelo PMDB, senador Sérgio
Machado, seu ex-colega de partido e hoje desafeto.
R$ 420 milhões
O custo da obra do Castanhão,
considerada a mais importante
para o grupo de Tasso neste ano
de eleições, é de R$ 420 milhões.
Um volume de R$ 58 milhões foi
aprovado no orçamento do governo federal para este ano.
Mas apenas R$ 5 milhões chegaram para o Dnocs (Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas), que gerencia a construção,
até o momento. Anteontem, o
presidente do órgão, Francisco
Rufino, fazia a romaria por verbas
em gabinetes de Brasília.
Saiu de lá com a promessa de liberação de R$ 10 milhões, menos
da metade do que seria suficiente
para manter o canteiro de obras
montado no rio Jaguaribe.
O próprio governador Beni Veras juntou-se a Lúcio Alcântara,
candidato dos tucanos à sucessão
cearense, e foi a Brasília no mês
passado cobrar o repasse dos recursos ao presidente Fernando
Henrique Cardoso. Ouviram o
"sim" no Palácio do Planalto, mas
a torneira continuou fechada.
A situação provocou inclusive
um constrangimento recente. Na
cerimônia de aniversário dos 50
anos do Banco do Nordeste, realizada em Fortaleza, Veras quebrou
a harmonia da festa, que contava
com a presença dos ministros Pedro Parente (Casa Civil) e Pedro
Malan (Fazenda). Atacou a falta
de prumo do governo federal com
os recursos para a região.
As obras do barragem, que deveriam ser inauguradas ao final
da era FHC -fez parte das promessas de campanha da reeleição
do presidente-, em dezembro,
contemplam um projeto de irrigação de 43 mil hectares e o abastecimento de água para a região
metropolitana de Fortaleza, entre
outras serventias.
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