São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2002/CAMPANHA

Grupo de Tasso avalia que apoio a Ciro seja o motivo; construção de barragem é prejudicada por falta de pagamento

Governo atrasa repasse a obra no Ceará

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O apoio do grupo do ex-governador Tasso Jereissati (PSDB) à candidatura de Ciro Gomes (PPS) começou a causar problemas para os cofres da administração cearense. A principal obra do governo, a barragem do Castanhão, já foi paralisada no mês passado nos municípios de Jaguaribara, Jaguaribe, Jaguaretama e Alto Santo.
A empreiteira Andrade Gutierrez deve novamente suspender os trabalhos ainda nesta semana, por falta do pagamento de R$ 25 milhões. Em comunicado feito ao Sintepav (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem do Estado do Ceará), a construtora já informou que dará férias coletivas aos empregados na obra.
O governador Beni Veras (PSDB), mentor do grupo de empresários que levou Jereissati e Ciro ao poder no Ceará, tem criticado abertamente, em cerimônias públicas, o comando do Ministério da Integração Nacional, responsável direto pelo repasse das verbas para a construção.
Tasso e Veras avaliam que a escassez esteja diretamente ligada à decisão de não fazer campanha para o candidato tucano à Presidência, José Serra.
"O palanque dele aqui é outro", ironiza o ex-governador do Estado e candidato ao Senado. Refere-se ao concorrente à sucessão estadual pelo PMDB, senador Sérgio Machado, seu ex-colega de partido e hoje desafeto.

R$ 420 milhões
O custo da obra do Castanhão, considerada a mais importante para o grupo de Tasso neste ano de eleições, é de R$ 420 milhões. Um volume de R$ 58 milhões foi aprovado no orçamento do governo federal para este ano.
Mas apenas R$ 5 milhões chegaram para o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), que gerencia a construção, até o momento. Anteontem, o presidente do órgão, Francisco Rufino, fazia a romaria por verbas em gabinetes de Brasília.
Saiu de lá com a promessa de liberação de R$ 10 milhões, menos da metade do que seria suficiente para manter o canteiro de obras montado no rio Jaguaribe.
O próprio governador Beni Veras juntou-se a Lúcio Alcântara, candidato dos tucanos à sucessão cearense, e foi a Brasília no mês passado cobrar o repasse dos recursos ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Ouviram o "sim" no Palácio do Planalto, mas a torneira continuou fechada.
A situação provocou inclusive um constrangimento recente. Na cerimônia de aniversário dos 50 anos do Banco do Nordeste, realizada em Fortaleza, Veras quebrou a harmonia da festa, que contava com a presença dos ministros Pedro Parente (Casa Civil) e Pedro Malan (Fazenda). Atacou a falta de prumo do governo federal com os recursos para a região.
As obras do barragem, que deveriam ser inauguradas ao final da era FHC -fez parte das promessas de campanha da reeleição do presidente-, em dezembro, contemplam um projeto de irrigação de 43 mil hectares e o abastecimento de água para a região metropolitana de Fortaleza, entre outras serventias.


Texto Anterior: Ritmo lento de campanha em SP preocupa
Próximo Texto: Outro lado: Governo nega interferência política
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.