São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

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Bloqueio de verba faz Exército dispensar 44 mil

DA SUCURSAL DO RIO

Na quarta-feira passada, o Exército pôs em prática a medida de contenção de despesas mais visível: dispensou 44 mil dos 52 mil recrutas alistados pelos serviço militar obrigatório no inicio do ano.
As Forças Armadas tiveram bloqueados 42% do orçamento de R$ 5,224 bilhões previsto para este ano. Para se adequar ao corte, adotaram medidas consideradas drásticas, como a suspensão do pagamento de auxílio-transporte e auxílio pré-escolar, redução da carga horária, suspensão das refeições em algumas unidades e cancelamento de obras.
Nos quartéis, o clima entre os recrutas era de desolação: "Larguei um emprego em que ganhava R$ 320 porque fui obrigado a me alistar. Contava com os R$ 200 que ganharia aqui até o final do ano para ajudar meu pai, que está desempregado", disse um recruta na Vila Militar de Deodoro (zona norte do Rio), que pediu para não ser identificado.
O presidente do Clube Militar, general Luiz Gonzaga Lessa, criticou a medida: "Temos que ter a tropa preparada e adestrada. Quando se libera prematuramente um soldado, estamos deixando, na sua formação, grandes lacunas".
A insatisfação dos militares fica evidente até mesmo em notas oficiais das Forças Armadas. Texto divulgado pelo Exército afirma que "a alta administração avaliou que tal quadro atingiu o limite das medidas paliativas, não restando outra alternativa senão a adoção de soluções drásticas que comprometem a disponibilidade futura e a operacionalidade da Força Terrestre".


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