|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE MUNICIPAL
Municípios dizem não ter como suprir queda no FPM; em Alagoas, prefeituras decidem parar na segunda
Prefeitos da Bahia planejam demitir 40 mil servidores
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
As 417 prefeituras da Bahia planejam demitir 40 mil funcionários -10% do total- por causa
da queda nos repasses do FPM
(Fundo de Participação dos Municípios), segundo a UPB (União
dos Municípios da Bahia). "Não
temos outra alternativa a não ser
as demissões", disse o presidente
da UPB, Alberto Muniz (PFL).
De acordo com um levantamento divulgado ontem pela entidade, cerca de 5.000 trabalhadores já foram demitidos nos últimos 20 dias.
"Somente no último final de semana demiti 90 funcionários",
disse o prefeito de Candeal (165
km de Salvador), Antonio Tadeu
Cordeiro de Lima (PP).
Com as demissões, Lima disse
que a prefeitura vai economizar
R$ 20 mil por mês. "Mandei demitir médicos, enfermeiras, merendeiras e auxiliares de limpeza", disse. "Para nós, prefeitos, é
melhor demitir. Não temos mais
dinheiro nem sequer para pagar
os contratados", acrescentou Alberto Muniz. Os prefeitos reclamam que a participação dos municípios na arrecadação de impostos do país caiu de 19% para
13,8% nos últimos 13 anos.
Sem dinheiro em caixa, sete prefeituras baianas (Sapeaçu, Governador Mangabeira, Castro Alves,
Cabaceiras do Paraguaçu, Conceição do Almeida, Dom Macedo
Costa e São Felipe) suspenderam
ontem temporariamente todos os
serviços de manutenção de estradas, reposição de lâmpadas, melhorias habitacionais e sanitárias,
fornecimento de medicamentos,
doação de cestas básicas e apoio
financeiro a torneios esportivos.
Muniz disse que, na primeira
etapa, serão demitidos todos os
funcionários concursados com
menos de dois anos no emprego e
os prestadores de serviços.
Ele ressaltou que, além das demissões, as prefeituras da Bahia
também devem tomar uma nova
decisão, a suspensão de um turno
de trabalho, a partir da próxima
semana. "Vamos fechar as portas
depois do almoço. Somente assim
poderemos reduzir um pouco
mais os gastos com energia, água
e serviços de limpeza."
Segundo estudos do Instituto
Brasileiro de Administração Municipal, 4.114 (74,8%) dos 5.507
municípios do país têm no FPM a
sua maior fonte de receita. O FPM
é formado por 22,5% da arrecadação do Imposto de Renda e do IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados).
"O governo federal achou um
absurdo a decisão de uma montadora [Volkswagen] de anunciar o
fechamento de 4.000 vagas. Eu
quero saber como o governo vai
reagir com os 40 mil demitidos na
Bahia", acrescentou Muniz.
Alagoas e Minas
Os 102 prefeitos de Alagoas e decidiram parar as atividades na
próxima segunda em protesto
contra a queda dos repasses federais aos municípios e para pedir
ao governo estadual ações contra
a seca -36 municípios estão em
estado de emergência.
Ontem, 23 prefeituras em Minas
fecharam as portas por 24 horas,
também por mais repasses federais. Apenas serviços essenciais
-como saúde, educação e limpeza urbana- foram mantidos.
Colaboraram a Agência Folha e a Agência Folha em Belo Horizonte
Texto Anterior: Presidente da Fiesp considera governo suscetível a pressões Próximo Texto: Frases Índice
|