São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2005

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Delegado vai pedir prisão de Waldomiro

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O delegado Milton Olivier, que preside o inquérito da Polícia Civil que apura irregularidades na Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro), disse ontem que vai pedir à Justiça, possivelmente na semana que vem, a prisão preventiva de Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil da Presidência da República, e do empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
O delegado disse que embasará os pedidos de prisão preventiva no que considera a recusa dos acusados em prestar depoimentos à Draco (Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais, órgão especial da Polícia Civil do Estado do Rio) e na suposta prática por eles de crimes como corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha.
O inquérito aberto pela Draco está em fase final. O delegado vai começar a preparar o relatório conclusivo. Ele já indiciou Waldomiro Diniz sob acusação de corrupção passiva -artigo 317 do Código Penal, com pena prevista de um ano a oito anos de reclusão, mais multa- e prevaricação -crime cometido por funcionário público, e que consiste em retardar ou deixar de praticar um ato da função, segundo o artigo 319 do Código Penal, que prevê pena de três meses a um ano de detenção, além de multa.
O delegado afirma ainda que, aliado a Cachoeira e a empresários e funcionários e ex-dirigentes da Loterj (autarquia vinculada ao governo do Estado do Rio), Waldomiro cometeu também crime de formação de quadrilha ou bando -pena de um a três anos de reclusão, conforme estipula o artigo 288 do Código Penal.
Além da acusação de formação de quadrilha ou bando, Cachoeira foi indiciado pela suposta prática de corrupção ativa, crime previsto no artigo 333 do Código Penal, com pena de multa e reclusão de um ano a oito anos.

Quadrilha
Outros indiciamentos ainda poderão ocorrer. O delegado não revelou os nomes das demais pessoas que teriam formado quadrilha ou bando com Waldomiro Diniz e Carlinhos Cachoeira. O crime teria o objetivo de desviar dinheiro da autarquia para desfrute pessoal e em campanhas políticas.
Ligado ao ex-ministro e deputado federal José Dirceu (PT-SP), com quem atuou na Casa Civil como subchefe de Assuntos Parlamentares, Waldomiro Diniz presidiu a Loterj em 2002, durante a gestão da governadora Benedita da Silva (PT).
Waldomiro foi afastado do governo federal depois da divulgação de uma fita de vídeo em que aparecia pedindo propina a Cachoeira, em agosto de 2004. Cachoeira foi identificado mais tarde como responsável pela gravação, que ocorreu em 2002, quando Waldomiro era o presidente da Loterj.
De acordo com Olivier, tanto Waldomiro Diniz quanto Carlinhos Cachoeira se recusaram a depor no inquérito. O delegado disse que por três vezes convocou os acusados, por meio de intimações. Nenhum dos dois compareceu à sede da Draco, na zona portuária do Rio.
"O pedido de prisão que apresentarei à Justiça se justifica pela gravidade dos crimes praticados e na recusa sistemática de Waldomiro Diniz e de Cachoeira em prestarem os depoimentos". afirmou o delegado.


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