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Delegado vai pedir prisão de Waldomiro
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O delegado Milton Olivier, que
preside o inquérito da Polícia Civil que apura irregularidades na
Loterj (Loteria do Estado do Rio
de Janeiro), disse ontem que vai
pedir à Justiça, possivelmente na
semana que vem, a prisão preventiva de Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil da Presidência da República, e do empresário
de jogos Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira.
O delegado disse que embasará
os pedidos de prisão preventiva
no que considera a recusa dos
acusados em prestar depoimentos à Draco (Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais, órgão especial da Polícia Civil do Estado do Rio) e na suposta prática
por eles de crimes como corrupção ativa e passiva e formação de
quadrilha.
O inquérito aberto pela Draco
está em fase final. O delegado vai
começar a preparar o relatório
conclusivo. Ele já indiciou Waldomiro Diniz sob acusação de
corrupção passiva -artigo 317
do Código Penal, com pena prevista de um ano a oito anos de reclusão, mais multa- e prevaricação -crime cometido por funcionário público, e que consiste
em retardar ou deixar de praticar
um ato da função, segundo o artigo 319 do Código Penal, que prevê
pena de três meses a um ano de
detenção, além de multa.
O delegado afirma ainda que,
aliado a Cachoeira e a empresários e funcionários e ex-dirigentes
da Loterj (autarquia vinculada ao
governo do Estado do Rio), Waldomiro cometeu também crime
de formação de quadrilha ou bando -pena de um a três anos de
reclusão, conforme estipula o artigo 288 do Código Penal.
Além da acusação de formação
de quadrilha ou bando, Cachoeira
foi indiciado pela suposta prática
de corrupção ativa, crime previsto
no artigo 333 do Código Penal,
com pena de multa e reclusão de
um ano a oito anos.
Quadrilha
Outros indiciamentos ainda poderão ocorrer. O delegado não revelou os nomes das demais pessoas que teriam formado quadrilha ou bando com Waldomiro Diniz e Carlinhos Cachoeira. O crime teria o objetivo de desviar dinheiro da autarquia para desfrute
pessoal e em campanhas políticas.
Ligado ao ex-ministro e deputado federal José Dirceu (PT-SP),
com quem atuou na Casa Civil como subchefe de Assuntos Parlamentares, Waldomiro Diniz presidiu a Loterj em 2002, durante a
gestão da governadora Benedita
da Silva (PT).
Waldomiro foi afastado do governo federal depois da divulgação de uma fita de vídeo em que
aparecia pedindo propina a Cachoeira, em agosto de 2004. Cachoeira foi identificado mais tarde como responsável pela gravação, que ocorreu em 2002, quando Waldomiro era o presidente
da Loterj.
De acordo com Olivier, tanto
Waldomiro Diniz quanto Carlinhos Cachoeira se recusaram a
depor no inquérito. O delegado
disse que por três vezes convocou
os acusados, por meio de intimações. Nenhum dos dois compareceu à sede da Draco, na zona portuária do Rio.
"O pedido de prisão que apresentarei à Justiça se justifica pela
gravidade dos crimes praticados e
na recusa sistemática de Waldomiro Diniz e de Cachoeira em
prestarem os depoimentos". afirmou o delegado.
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