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DIPLOMACIA
Chineses já anunciaram que barram proposta por causa do Japão; americanos resistem à entrada da Alemanha
China e EUA ficam contra ampliação da elite da ONU
CLÁUDIA TREVISAN
DE REPORTAGEM LOCAL
China e Estados Unidos vão
unir esforços para tentar derrotar
a proposta de ampliação do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas)
apresentada por Brasil, Índia, Japão e Alemanha, que integram o
chamado G4 (Grupo dos 4).
A informação foi dada ontem
em Nova York pelo embaixador
da China na ONU, Wang Guangya, que definiu a estratégia em rápida reunião na terça-feira com o
novo representante dos EUA junto ao organismo, John Bolton.
Os dois países decidiram se unir
sob o argumento de que temem a
divisão entre os membros da
ONU, caso a proposta seja aprovada. A ampliação do Conselho
de Segurança precisa do sinal verde de dois terços dos 191 países
membros da Assembléia Geral da
ONU, mas ainda que seja aprovada, poderá ser vetada por um dos
cinco integrantes do Conselho de
Segurança -China, Estados Unidos, França, Rússia e Inglaterra.
O país asiático já anunciou que
irá barrar a proposta, caso ela seja
aprovada pela Assembléia Geral.
A China considera inaceitável a
entrada do Japão no organismo,
sob o argumento de que o país
não se desculpou por atrocidades
cometidas durante a invasão da
China, nas décadas de 1930 e 40.
Os americanos resistem à entrada da Alemanha, país que se opôs
fortemente à invasão do Iraque.
Oficialmente, o governo dos EUA
sustenta que não se opõe à ampliação do Conselho, mas defende
que haja mais discussão.
Japão e Alemanha vêm tentando há dez anos viabilizar sua entrada no grupo. Recentemente, a
proposta ganhou adesão de países
em desenvolvimento, com destaque para Brasil e Índia. A proposta do G4 prevê a ampliação de 5
para 11 no número de membros
permanentes do Conselho e de 10
a 14 dos não-permanentes. Para
facilitar a aprovação do texto, o
grupo decidiu abrir mão por 15
anos do poder de veto para os novos membros permanentes.
Os 6 novos membros permanentes seriam divididos da seguinte forma: 2 da Ásia, 2 da África, 1 da Europa e 1 da América Latina. Os autores da proposta são
candidatos naturais às vagas.
A entrada no Conselho de Segurança da ONU é um dos principais pontos da política externa do
governo Luiz Inácio Lula da Silva,
que via a China como um de seus
principais aliados nessa área.
Mais obstáculos
Além da união China-EUA, a
ambição brasileira de obter um
assento permanente no Conselho
ganhou outro obstáculo ontem:
países africanos decidiram não
aceitar o acordo para um projeto
conjunto de reforma com o G4.
Reunidos na capital da Etiópia,
Adis Abeba, os líderes dos países
africanos recusaram a proposta
que havia sido oferecida pelo G4
em Londres. O principal ponto de
discórdia é o poder de veto, que o
G4 já concordou em abrir mão, ao
menos pelos próximos 15 anos,
mas que os africanos insistem em
ter imediatamente. O problema é
que, assim, nenhuma das duas
propostas deve ser aprovada.
"Eu confirmo que estamos nos
atendo à posição original de ter
dois assentos permanentes com o
veto", afirmou o representante da
Suazilândia no encontro, segundo a agência Reuters.
O apoio maciço da União Africana, que conta com 53 dos 191
votos da Assembléia Geral, era
fundamental para que a proposta
fosse aprovada.
Depois de uma das reuniões entre as duas partes, em Nova York,
em 17 de julho, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso
Amorim, declarou: "Ela terá um
peso, a meu ver, praticamente decisivo".
Colaborou PEDRO DIAS LEITE, de Nova York
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