São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Ao PIB, Lula promete reduzir impostos

Discurso que seria lido em jantar ontem diz que esforço do ajuste fiscal não será jogado fora caso presidente seja reeleito

"O nome do meu possível segundo mandato será desenvolvimento", afirma petista, que omitiu dados ruins sobre crescimento


GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sem citar medidas concretas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preparou um discurso para empresários em que promete, em caso de segundo mandato, "uma qualificação melhor dos gastos governamentais" e redução dos impostos.
Distribuído previamente pelo PT, o texto seria lido ontem à noite em um jantar no Jockey Club de São Paulo. As quatro páginas e meia reúnem tudo o que os empresários sempre gostam de ouvir e procuram responder aos temores provocados pelo aumento de gastos públicos neste ano eleitoral.
"Quero deixar claro para todos vocês que não fiz todo o sacrifício do ajuste, neste meu primeiro governo, para, na hipótese de ser reeleito, começar um segundo mandato jogando fora as conquistas do Brasil", diz o texto.
Lula ainda não sinalizou qual será a orientação da política fiscal caso permaneça no Planalto. No ano passado, o presidente rejeitou a proposta apresentada pelo ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda) de um programa de longo prazo para a redução das despesas permanentes do governo.
O plano implicaria corte de despesas sociais, o que precipitou sua rejeição. O objetivo era abrir caminho para a redução da carga tributária e a ampliação dos investimentos -duas promessas incluídas no texto, que, no entanto, não explica como elas serão viabilizadas.

Desenvolvimento
"Não aumentei um único imposto sequer em meu governo", afirma Lula no discurso, sem citar que os tributos mais elevados pelo seu governo não foram impostos, mas contribuições sociais como PIS e Cofins.
O discurso também maquia dados ao afirmar que "há 35 meses a economia não sofre abalos" -foi convenientemente esquecida, na frase, a queda de 0,9% do PIB no terceiro trimestre de 2005. O país, portanto, não vive o "mais longo ciclo de crescimento dos últimos 19 anos" propalado pelo texto.
Todo o resto segue ao gosto da platéia. "O nome do meu possível segundo mandato será desenvolvimento", diz Lula. "O Brasil pode estabelecer a meta de se tornar, em médio prazo, uma potência em crescimento e ultrapassar o PIB de países europeus importantes."
A receita inclui também redução de juros, abertura da economia em "setores indutores de avanços tecnológicos", parcerias público-privadas, reforma política, "revolução na educação" etc.


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