São Paulo, Quinta-feira, 05 de Agosto de 1999
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PAINEL
Combinação perigosa
Pesquisa mantida em segredo pelo Planalto registra uma perda de prestígio do real. Até agora, apesar da queda de popularidade de FHC, a moeda se mantinha inabalável na confiança popular. Entrou em curva descendente. Detalhe: a popularidade do presidente continua no fundo do poço.

Plano ladeira abaixo
Setores da área econômica e política do governo discutiram ontem os números da pesquisa MCI. Apesar de ter sido feita em 30 de junho, aponta uma tendência preocupante, segundo diagnóstico de analistas do governo. Já havia acontecido o descolamento entre FHC e o real. O primeiro estava mal avaliado, mas o segundo sustentava bons índices.

Curva ruim
Segundo a pesquisa, 60% aprovam o Plano Real. Em março, a taxa era de 65%. Os que desaprovam somam 22%, contra 18% do levantamento anterior. O índice dos que não sabem avaliar subiu de 15% para 17%. A questão é se o real cairá mais ou se chegou ao fundo do poço. A próxima pesquisa deve ocorrer no fim do mês.

Cabreiro com o chefe
Padilha (Transportes) sente-se a bola da vez no governo. Os recursos são liberados a conta-gotas, o PMDB gaúcho tinha outro nome para seu lugar e o ministro já não está tão seguro do apoio de FHC: na reforma o presidente cogitou trocá-lo por Fernando Bezerra.

Só pra contrariar
Exemplo das dificuldades que o governo terá no Congresso: os deputados já haviam fechado acordo para votar projeto definindo as carreiras de Estado. A questão foi reaberta ontem. Detalhe: a pedido de Inocêncio Oliveira (PFL).

Presentinho atrasado
A diretoria da Petrobrás que o governo criou para um indicado do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) estava na gaveta havia três meses.

Preocupação nº 1
FHC reúne a equipe econômica e os articuladores políticos no sábado para decidir se envia ao Congresso a proposta de limite de idade mínima para aposentadoria (55 anos para mulheres e 60 anos para homens). O clima no Legislativo está péssimo, e o governo não quer correr o risco de derrota.

Plano B
Waldeck Ornélas (Previdência) prepara alternativas ao limite de idade mínima para aposentadoria, se FHC desistir da emenda constitucional. Saídas: projetos de quórum mais fácil de ser obtido ou medidas de prerrogativa exclusiva do Executivo para modificar o cálculo dos benefícios.

Pequena vingança
Rodolfo Tourinho (Minas e Energia), ministro da cota de ACM, tirou Tales Ramos Filho do conselho de administração de Furnas. Detalhe: Ramos era o médico particular de Itamar Franco (MG) no Planalto.

Controle remoto
Aloysio Nunes (Secretaria Geral) arbitrou em favor de Zulaiê Cobra (PSDB) para substituí-lo na relatoria da reforma do Judiciário. Entre os candidatos, ela é quem mais se identifica com o texto deixado pelo ministro.

Deu azia
O aumento do preço dos remédios bateu no bolso de Serra (Saúde). O ministro resolveu substituir a marca do remédio para o estômago que tomava por uma mais barata.

Visita à Folha
O embaixador do Chile no Brasil, Juan Martabit, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado do cônsul-geral do Chile em São Paulo, José Cataldo Avilés.


Francisco Gros, managing director do Banco Morgan Stanley Dean Witter, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço.

TIROTEIO
Do desembargador Luiz Fernando Carvalho, presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), sobre a política salarial de FHC em relação à magistratura:
- O achatamento tem como objetivo estender o Programa de Demissões Voluntárias aos juízes brasileiros. Afinal, a convivência com a lei não interessa mesmo ao autoritarismo.

CONTRAPONTO
Pouca intimidade


O Congresso fez ontem uma sessão solene para homenagear o deputado Franco Montoro, falecido em julho. Antes da cerimônia, foi realizada missa na Catedral de Brasília.
FHC compareceu acompanhado da mulher, Ruth Cardoso. Sentou-se ao lado do vice Marco Maciel.
Católico praticante, Maciel é daqueles que vai à missa todos os domingos.
Ao contrário de Maciel, o presidente, que é perseguido pela fama de ateu, parecia pouco à vontade com a liturgia católica.
Na hora de persignar-se, o presidente olhou para Maciel e tentou imitar os gestos. Mas, em vez das três cruzes (na testa, na boca e no peito), Fernando Henrique fez o sinal-da-cruz.
Logo após a leitura do evangelho, todos sentaram. FHC e Ruth ficaram alguns segundos em pé, indecisos.
O presidente voltou a olhar para Marco Maciel. Vendo o vice sentado, virou-se para a mulher e ordenou, rapidamente:
- Senta, Ruth! Senta!


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