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PACOTE ÉTICO
Texto torna mais difícil cassar mandato
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara aprovou ontem o
projeto que institui o Código de
Ética e Decoro Parlamentar, mas
os pontos polêmicos só serão analisados hoje. Ainda está pendente
o dispositivo que trata da apresentação da declaração de bens,
da movimentação financeira e
das dívidas dos deputados.
A proposta aprovada permite a
publicação desses dados, mas o
texto não será mantido. Hoje será
votada a emenda do segundo vice-presidente da Câmara, Barbosa Neto (PMDB-GO), que determina a apresentação dos dados à
Mesa e permite que o Conselho de
Ética -criado pelo projeto- os
requisite mediante aprovação pela maioria de seus integrantes.
O líder do PMDB na Câmara,
Geddel Vieira Lima (BA), quer
manter o sistema atual. Ou seja,
os deputados entregam a declaração de bens à Mesa, que a encaminha ao TCU (Tribunal de Contas
da União), e o acesso a dados fiscais e bancários só é permitido
por decisão judicial.
"Quero manter como é hoje.
Afinal, somos cidadãos comuns
ou não? Para algumas coisas, como ter acesso a salas VIP e a passaporte diplomático, dizem que
somos cidadãos comuns. Para
outras, somos homens públicos",
argumentou Geddel. Líderes de
oposição admitiam que a proposta de Geddel deve ser aprovada.
Depende de votação o nome do
órgão que vai analisar a conduta
dos deputados. O texto aprovado
diz que é comissão, mas o parecer
do segundo vice-presidente, que
deve prevalecer, estabelece Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Pelo projeto, os eleitores
poderão apresentar representação contra os deputados no conselho, desde que o documento tenha o apoio de pelo menos 5% do
eleitorado do Estado pelo qual o
congressista foi eleito e prova específica do crime alegado.
O líder peemedebista quer mudar também esse dispositivo. Para
ele, a representação deve ser protocolada somente na Mesa da Câmara, que a encaminhará ao conselho. Punições intermediárias
para atos que atentem contra o
decoro parlamentar poderão ser
excluídas do texto. Entre essas punições está, por exemplo, a suspensão temporária do mandato
"Isso é inócuo. A Constituição
estabelece que, se houve quebra
de decoro, a punição é cassação.
Quebrou o decoro, cassa", afirmou o líder do PMDB na Câmara.
O projeto, que está sendo discutido desde 1992, prevê a divulgação de dados sobre o desempenho dos deputados.
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