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PÚBLICO X PRIVADO
Governo promete alterar programa, e inquérito é arquivado
Valor de contrato de telecurso tem nova mudança
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
O governo do Maranhão informou ao Ministério Público Estadual que vai diminuir pela segunda vez o valor do contrato com a
Fundação Roberto Marinho para
a implantação do programa supletivo Telecurso 2000.
A nova redução do programa
será de R$ 207.149,50. A primeira
redução, no mês passado, foi de
R$ 10.767.151,00. O valor original
a ser recebido pela fundação era
de R$ 102.575.354,00. Cairá para
R$ 91.601.053,50 -11% a menos.
As mudanças, de iniciativa do
Estado e da fundação, ocorreram
após a instauração de inquérito
civil público para investigar o
acordo assinado em novembro de
2000 entre a governadora Roseana Sarney (PFL) e a entidade.
Com as duas reduções -uma
efetivada e outra prometida em
ofício remetido pelo Estado ao
Ministério Público-, o procurador José Henrique Marques Moreira arquivou o inquérito na sexta-feira, apesar de registrar críticas ao contrato.
O objetivo do projeto (batizado
de Viva Educação) era implantar
3.750 salas de aula do telecurso,
reunindo 150 mil alunos do ensino médio com defasagem de idade em relação à série em que deveriam estar. Em vez dos três anos
do curso regular, eles poderiam
concluir os estudos em 15 meses.
Foram instaladas 3.094 salas
(17% a menos da meta) e inscritos
119.090 alunos (menos 21%). Os
gastos, portanto, foram menores
do que os previstos.
O procurador aceitou o argumento do governo e da fundação,
segundo os quais a redução das
despesas não é proporcional à
queda na quantidade de salas e
alunos. ""Não verifiquei crime",
disse Marques Moreira. A nova
redução de valor se deve à descoberta de outros gastos que não
precisaram ser realizados.
A Fundação Roberto Marinho é
dona do método Telecurso 2000.
Ela comprometeu-se a treinar, remunerar e gerenciar orientadores
(que reforçam o conteúdo das aulas, ministradas em vídeo), supervisores e outros profissionais,
além de fornecer os aparelhos de
TV e vídeo.
Organização sem fins lucrativos, a fundação foi contratada
sem licitação, num processo amparado por lei que dispensa licitações para instituições dessa natureza. A entidade foi criada em
1977 pelos controladores das Organizações Globo. A Fundação
Roberto Marinho não forneceu livros e vídeos didáticos para o Viva Educação. O governo do Maranhão comprou-os por R$ 16,8 milhões da Editora Globo, empresa
das Organizações Globo, sem licitação. Esse contrato não foi analisado pelo Ministério Público.
A família da governadora é proprietária da TV Mirante, afiliada
da Rede Globo no Estado.
No relatório de conclusão do inquérito, o procurador Marques
Moreira afirmou ser impossível
avaliar se é ""adequada" a despesa
prevista, no contrato, de R$ 1,5
milhão para o item ""ações especiais - comunicação".
O procurador condenou o sistema de empreitada por preço global. Nessa modalidade, empregada no contrato do Maranhão, o
valor inicial deve ser pago inteiramente à parte contratada. Ele defendeu o método de empreitada
por preço unitário, que leva em
conta o número real de salas implantadas e alunos inscritos, e não
o projetado.
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