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PROCURADORIA
AGU recorreu e aguarda decisão de juiz
União é condenada a pagar R$ 200 mil por atuação de Gilmar Mendes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Principal crítico dos supostos
excessos do Ministério Público
Federal, o advogado-geral da
União, Gilmar Mendes, tem a sua
atuação como procurador da República questionada em um caso
da década de 80 no qual a União foi recentemente condenada a
pagar R$ 200 mil a um perito de
Mato Grosso por danos morais.
Mendes defendeu a União em
disputa contra o Estado de Mato
Grosso sobre a demarcação do
Parque Nacional do Xingu e livrou o governo do pagamento da
indenização milionária de uma
área da reserva, mas a atuação dele e de outros procuradores gerou
a ação por danos morais.
Atualmente, o advogado-geral
defende mudanças na legislação
para inibir a iniciativa de investigação e de denúncia dos procuradores e o vazamento à imprensa
de dados sobre apurações conduzidas por eles.
Ele prega, por exemplo, a chamada Lei da Mordaça, pela qual
membros do Ministério Público
ficariam proibidos de dar informações sobre investigações em
curso sempre que houvesse
ameaça ao sigilo ou à intimidade
de pessoas envolvidas.
O engenheiro agrônomo e perito oficial Jurandir Brito da Silva,
autor da ação contra a União, sustenta que fora injustamente processado pelo Ministério Público
Federal sob acusação de falsa perícia e que foi absolvido em sentença definitiva. A conclusão da
perícia dele era favorável ao Estado de Mato Grosso.
A União foi condenada a reparar danos morais do perito pela 5ª
Vara Federal de Mato Grosso, em
junho último. A AGU (Advocacia
Geral da União) recorreu e espera
reverter essa decisão no TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª região. Pesou na sentença do juiz,
Paulo Cézar Alves Sodré, a divulgação pelos jornais de suspeitas
sobre o trabalho do perito. "A sua
honra e a sua imagem no contexto social foram reiteradamente
maculadas, seja por expressões
lançadas aos autos, seja pelas inúmeras publicações na imprensa
local e nacional."
O caso ocorreu em 1987, quando Mendes atuava como procurador da República, e o Ministério
Público Federal defendia a União,
porque a AGU ainda não havia sido criada. Ele fora designado pelo
então procurador-geral da República, Sepúlveda Pertence, atual
ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), para atuar em defesa
da União em uma causa considerada perdida.
Mendes conseguiu reverter a
tendência de derrota do governo
no STF argumentando que a perícia realizada por Jurandir Silva
era uma fraude. Atualmente ele
mantém essa afirmação. "É um
caso clássico de fraude contra a
União", disse ontem.
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