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Concessões do governo aos Estados
dividiram bloco dos governadores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA
A começar pela prorrogação do
prazo de funcionamento da Zona
Franca de Manaus (AM) de 2013
para 2023, o Planalto tentou dividir os governadores fazendo concessões aos Estados. A governadora do Rio, Rosinha Matheus
(PMDB), era uma das mais contentes com a negociação.
Enquanto governadores circulavam no Congresso negociando
a partilha de recursos como a Cide, a contribuição cobrada sobre
a venda de combustíveis, Rosinha
tratava com o governo concessões
para o Rio. Ela conseguiu incluir
no texto da reforma tributária que
será cobrado ICMS sobre o que
exceder a produção prevista de
petróleo em determinado período. Isso daqui a 11 anos, o que deu
a fama de "desprendimento" para
Rosinha entre seus interlocutores.
Além disso, Rosinha também
conseguiu outra emenda que lhe
permitirá gerenciar o fundo da
pobreza que criou no Rio por
meio de convênios com a União.
Paulo Hartung (PSB-ES), um
dos interlocutores do Planalto,
conseguiu que o Fundo de Desenvolvimento Regional, criado para
atender as regiões do Norte e Nordeste, também incluísse o Espírito
Santo, localizado no Sudeste.
Além disso, o capixaba conseguiu
antecipar R$ 350 milhões de royalties do petróleo produzido no
Estado nos próximos oito anos.
O tucano Lúcio Alcântara (CE),
que passou o dia criticando a proposta e insuflando o PSDB a votar
contra, recebeu a promessa da liberação de R$ 95 milhões para o
metrô de Fortaleza. Na votação,
seis dos oito deputados do PSDB-CE votaram sim. Inclusive Léo Alcântara, filho do governador.
Outro Estado comandado pela
oposição, o Tocantins de Marcelo
Mirando (PSDB-TO), deu 100%
dos votos a favor do projeto. Horas antes da votação, a Integração
Nacional liberou R$ 9,8 milhões
para obras de saneamento.
Os Estados pequenos do Norte e
do Nordeste deram todos os seus
votos porque ficaram mais do que
satisfeitos com a parcela que receberão da Cide, R$ 2,5 bilhões de
dinheiro novo que entrará nos cofres dos Estados e municípios, a
partir de 2004. Pelo que foi votado
até agora, no total os Estados receberão pelo menos R$ 4,5 bilhões
de dinheiro novo: R$ 2,5 bilhões
da Cide e R$ 2 bilhões do Fundo
de Desenvolvimento Regional.
Os Estados do Nordeste estavam inibidos de votar contra,
apesar de aparecerem entre os
mais insatisfeitos com o texto do
relator Virgílio Guimarães (PT-MG): Ceará, Pernambuco, Sergipe, Maranhão disputam entre si a
instalação de uma refinaria.
Na negociação com os municípios, os ministros José Dirceu
(Casa Civil) e Antonio Palocci
(Fazenda) afirmaram que o Planalto manterá um canal de discussão após a aprovação da reforma para uma possível redistribuição das receitas. "O escopo agora
é buscar o crescimento e em outro
momento discutir a redistribuições e a revisão das atribuições",
disse o presidente da ABM (Associação Brasileira dos Municípios),
José do Carmo Garcia (PTB), prefeito de Cambé (PR).
(RAYMUNDO COSTA, OTÁVIO CABRAL e SÍLVIA FREIRE)
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