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BB patrocina eventos para juízes
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil gastou R$ 3
milhões, entre 2001 e 2004, para
bancar eventos promovidos por
associações de juízes, de procuradores da República e de policiais
federais, segundo levantamento
em poder do bloco de oposição na
CPI dos Correios.
Sob administração do PT, o
Banco do Brasil passou a investir
mais nesse tipo de patrocínio. Foram quatro pagamentos do gênero entre 2001 e 2002, no valor total
de R$ 860 mil, contra dez patrocínios entre 2003 e 2004, no valor de
R$ 2,1 milhões.
O banco também repassou recursos, pela primeira vez desde
2001, segundo o levantamento
produzido com base em dados do
TCU (Tribunal de Contas da
União), para as seguintes entidades: a CUT (Central Única dos
Trabalhadores), com R$ 200 mil
em 2004, a Força Sindical, com R$
65 mil no mesmo ano, a Ubes
(União Brasileira de Estudantes
Secundaristas), com R$ 240 mil
em 2004, e a UNE (União Nacional dos Estudantes), com R$ 80
mil em 2005.
"O Banco do Brasil, cuja tradição secular elimina suspeições,
dispôs-se a patrocinar os congressos de 2001 e 2003, com o objetivo
de divulgar sua marca -mecanismo de marketing legalmente
reconhecido- entre os milhares
de juízes participantes, que compõem um segmento apreciável de
consumidores de serviços bancários como: cartões de crédito, seguros, financiamentos etc.", afirmou, em nota, o presidente da
AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Rodrigo Colasso
(veja texto à parte).
A AMB recebeu R$ 620 mil em
2001 e outros R$ 800 mil em 2003
para custear congressos nacionais
de juízes em Natal (RN) e Salvador (BA). O evento é realizado a
cada dois anos.
O Banco do Brasil -réu ou autor em ações trabalhistas em todo
o país- forneceu R$ 510 mil ao
TST (Tribunal Superior do Trabalho) para um fórum internacional
de direitos humanos.
"As parcerias entre os tribunais
e as instituições públicas não representam nenhum risco à isenção do magistrado no julgamento
de processos. É preciso diferenciar a atividade jurisdicional da
administrativa-institucional", defendeu, em nota, a assessoria de
comunicação do TST.
A ANPR (Associação Nacional
dos Procuradores da República)
realiza anualmente, com os recursos do Banco do Brasil, o seu encontro nacional de procuradores,
além de promover seminários específicos. O valor desembolsado
pelo banco cresce ano a ano.
Em 2002, foram R$ 150 mil gastos com eventos dessa natureza.
No seguinte, R$ 170 mil. O valor
saltou para R$ 370 mil em 2004,
dos quais R$ 300 mil foram gastos
num encontro que durou quatro
dias em Fortaleza (CE).
Segundo o presidente da ANPR,
Nicolao Dino, "não há comprometimento ético porque membro
[da associação] nunca deixou de
cumprir suas obrigações".
Segundo Dino, é comum esse tipo de evento ser patrocinado pelo
Banco do Brasil. "Todo e qualquer evento ligado ao Ministério
Público e à magistratura é patrocinado por eventos ligados à administração pública", afirmou o
presidente da ANPR.
Ranking
De acordo com o levantamento,
em poder da CPI dos Bingos, realizado a partir de dados do TCU
(Tribunal de Contas da União), o
Banco do Brasil gastou R$ 200,9
milhões em patrocínios entre
2001 e meados de 2005.
O grosso do investimento foi
para eventos ligados ao vôlei e ao
tênis. A CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) obteve R$ 104 milhões no período.
A Guga Kuerten Participações e
Empreendimentos, empresa do
tenista brasileiro, recebeu R$ 9,8
milhões em patrocínios no mesmo período.
A AMB ficou em 11º lugar entre
as entidades ou empresas mais
beneficiadas com recursos do
Banco do Brasil. Com R$ 1,42 milhão acumulado, ficou à frente da
empresa do técnico do tenista
Gustavo Kuerten, a Larri Passos
Tênis Pro Ltda. (R$ 1,38 milhão) e
da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais
(R$ 1,1 milhão).
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