São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BB patrocina eventos para juízes

RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil gastou R$ 3 milhões, entre 2001 e 2004, para bancar eventos promovidos por associações de juízes, de procuradores da República e de policiais federais, segundo levantamento em poder do bloco de oposição na CPI dos Correios.
Sob administração do PT, o Banco do Brasil passou a investir mais nesse tipo de patrocínio. Foram quatro pagamentos do gênero entre 2001 e 2002, no valor total de R$ 860 mil, contra dez patrocínios entre 2003 e 2004, no valor de R$ 2,1 milhões.
O banco também repassou recursos, pela primeira vez desde 2001, segundo o levantamento produzido com base em dados do TCU (Tribunal de Contas da União), para as seguintes entidades: a CUT (Central Única dos Trabalhadores), com R$ 200 mil em 2004, a Força Sindical, com R$ 65 mil no mesmo ano, a Ubes (União Brasileira de Estudantes Secundaristas), com R$ 240 mil em 2004, e a UNE (União Nacional dos Estudantes), com R$ 80 mil em 2005.
"O Banco do Brasil, cuja tradição secular elimina suspeições, dispôs-se a patrocinar os congressos de 2001 e 2003, com o objetivo de divulgar sua marca -mecanismo de marketing legalmente reconhecido- entre os milhares de juízes participantes, que compõem um segmento apreciável de consumidores de serviços bancários como: cartões de crédito, seguros, financiamentos etc.", afirmou, em nota, o presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Rodrigo Colasso (veja texto à parte).
A AMB recebeu R$ 620 mil em 2001 e outros R$ 800 mil em 2003 para custear congressos nacionais de juízes em Natal (RN) e Salvador (BA). O evento é realizado a cada dois anos.
O Banco do Brasil -réu ou autor em ações trabalhistas em todo o país- forneceu R$ 510 mil ao TST (Tribunal Superior do Trabalho) para um fórum internacional de direitos humanos.
"As parcerias entre os tribunais e as instituições públicas não representam nenhum risco à isenção do magistrado no julgamento de processos. É preciso diferenciar a atividade jurisdicional da administrativa-institucional", defendeu, em nota, a assessoria de comunicação do TST.
A ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) realiza anualmente, com os recursos do Banco do Brasil, o seu encontro nacional de procuradores, além de promover seminários específicos. O valor desembolsado pelo banco cresce ano a ano.
Em 2002, foram R$ 150 mil gastos com eventos dessa natureza. No seguinte, R$ 170 mil. O valor saltou para R$ 370 mil em 2004, dos quais R$ 300 mil foram gastos num encontro que durou quatro dias em Fortaleza (CE).
Segundo o presidente da ANPR, Nicolao Dino, "não há comprometimento ético porque membro [da associação] nunca deixou de cumprir suas obrigações".
Segundo Dino, é comum esse tipo de evento ser patrocinado pelo Banco do Brasil. "Todo e qualquer evento ligado ao Ministério Público e à magistratura é patrocinado por eventos ligados à administração pública", afirmou o presidente da ANPR.

Ranking
De acordo com o levantamento, em poder da CPI dos Bingos, realizado a partir de dados do TCU (Tribunal de Contas da União), o Banco do Brasil gastou R$ 200,9 milhões em patrocínios entre 2001 e meados de 2005.
O grosso do investimento foi para eventos ligados ao vôlei e ao tênis. A CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) obteve R$ 104 milhões no período.
A Guga Kuerten Participações e Empreendimentos, empresa do tenista brasileiro, recebeu R$ 9,8 milhões em patrocínios no mesmo período.
A AMB ficou em 11º lugar entre as entidades ou empresas mais beneficiadas com recursos do Banco do Brasil. Com R$ 1,42 milhão acumulado, ficou à frente da empresa do técnico do tenista Gustavo Kuerten, a Larri Passos Tênis Pro Ltda. (R$ 1,38 milhão) e da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (R$ 1,1 milhão).


Texto Anterior: PF ouve Valério sobre depósitos feitos para Duda
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.