São Paulo, Domingo, 05 de Setembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JUSTIÇA
Ex-prefeito deve fazer exame
DNA dirá se Maluf é pai de garota de 8 anos

MÔNICA BERGAMO
JOÃO BATISTA NATALI

da Reportagem Local Está a ponto de ser esclarecido o mistério envolvendo a paternidade da garota P.S.E.R.O., hoje com 8 anos, apontada por sua própria mãe, Silvana Rocha de Oliveira Perestrelo, como filha do ex-prefeito Paulo Maluf.
O advogado Gerson Bellani, que representa Silvana, apresentou na sexta-feira na 2ª Vara de Família do Fórum da Penha, em São Paulo, pedido de exame de DNA para estabelecer, de uma vez por todas, se o ex-prefeito paulistano é ou não é o pai biológico da menina.
Maluf nega a paternidade. Em abril, quando o caso veio a público, o ex-prefeito procurou a Justiça para provar "inexistência de parentesco" entre ele e P.S.E.R.O. (ver texto abaixo).
Ao contestar Maluf, o advogado de Silvana apresentou o pedido de exame de DNA. "Acabou o silêncio. Agora é o contra-ataque. A verdade será definida", diz ele.
O processo, de nº 541/99, que corre em segredo de Justiça, estava parado porque Silvana relutava em autorizar o exame da filha e não era encontrada para receber as intimações. "Ela estava assustada", diz Silvio Rocha de Oliveira, pai de Silvana e avô de P.S.E.R.O.
Rocha já foi um dos mais fiéis cabos eleitorais de Maluf. Na administração de Luiza Erundina (1989-92), ele organizava invasões de terrenos para, segundo diz, desestabilizar a administração do PT. Em 89, sua filha Silvana, então com 15 anos, teria iniciado um relacionamento com o ex-prefeito que resultou na gravidez.
Mesmo assim o cabo eleitoral continuou trabalhando com Maluf. No ano passado, os dois romperam. Hoje ele diz que malufistas tentam amedrontar sua filha para evitar o exame de DNA.
"Seguiram a Silvana num carro Mitsubishi branco, sem placa", diz. "Ela foi seguida até um sacolão." Rocha diz que pessoas anônimas telefonaram para a sua casa e, disfarçando a voz, pediram para ele "parar com esse negócio de DNA, parar com tudo, porque senão o negócio não ia ficar bem".
"Eu não estou dizendo que o Paulo Maluf seja capaz de fazer isso. Ele é cristão. Estou desconfiando é dos malufistas", diz Rocha. É por isso, segundo ele, que a filha e a neta estão escondidas.
Morando de favor com parentes, Silvana e o pai venderam a casa em que moravam, no bairro de Artur Alvim, na zona leste de São Paulo. Silvana diz que a casa foi um presente de Calim Eid, o chefe das campanhas malufistas.
Rocha diz que sobrevive de trabalhos eventuais que faz na loja de um sobrinho, no sul de Minas Gerais. O advogado de Silvana está pedindo pensão alimentícia para a neta de Rocha. "É um direito irrenunciável da criança", diz.
Rocha afirma que nunca exigiu antes o reconhecimento da paternidade na Justiça porque Calim Eid sempre lhe prometeu que o exame seria feito. "Ele pedia para esperar depois da eleição. Aí o doutor Paulo virou prefeito, ele pediu para dar um tempo."
O ex-malufista diz que, caso Maluf queira mesmo apressar o processo, como assegura, Silvana pode autorizar o exame a qualquer momento, sem que a Justiça precise se pronunciar. "Ela pode mandar um fio de cabelo da filha a ele para que o exame seja feito."
"O doutor Paulo vai ter a maior decepção da vida dele. O exame vai provar a paternidade", diz Rocha. "Eu não tenho dúvida. Ela é parecida com ele em tudo. Até a pintinha que tem no pescoço do doutor Paulo, ela tem também".


Texto Anterior: Celso Pinto: A polêmica da balança
Próximo Texto: Ex-prefeito se diz satisfeito
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.