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JUSTIÇA
Ex-prefeito deve fazer exame
DNA dirá se
Maluf é pai
de garota
de 8 anos
MÔNICA BERGAMO
JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local
Está a ponto de ser esclarecido o
mistério envolvendo a paternidade da garota P.S.E.R.O., hoje com
8 anos, apontada por sua própria
mãe, Silvana Rocha de Oliveira
Perestrelo, como filha do ex-prefeito Paulo Maluf.
O advogado Gerson Bellani, que
representa Silvana, apresentou na
sexta-feira na 2ª Vara de Família
do Fórum da Penha, em São Paulo, pedido de exame de DNA para
estabelecer, de uma vez por todas,
se o ex-prefeito paulistano é ou
não é o pai biológico da menina.
Maluf nega a paternidade. Em
abril, quando o caso veio a público, o ex-prefeito procurou a Justiça para provar "inexistência de
parentesco" entre ele e P.S.E.R.O.
(ver texto abaixo).
Ao contestar Maluf, o advogado
de Silvana apresentou o pedido de
exame de DNA. "Acabou o silêncio. Agora é o contra-ataque. A
verdade será definida", diz ele.
O processo, de nº 541/99, que
corre em segredo de Justiça, estava parado porque Silvana relutava em autorizar o exame da filha e
não era encontrada para receber
as intimações. "Ela estava assustada", diz Silvio Rocha de Oliveira,
pai de Silvana e avô de P.S.E.R.O.
Rocha já foi um dos mais fiéis
cabos eleitorais de Maluf. Na administração de Luiza Erundina
(1989-92), ele organizava invasões
de terrenos para, segundo diz, desestabilizar a administração do
PT. Em 89, sua filha Silvana, então
com 15 anos, teria iniciado um relacionamento com o ex-prefeito
que resultou na gravidez.
Mesmo assim o cabo eleitoral
continuou trabalhando com Maluf. No ano passado, os dois romperam. Hoje ele diz que malufistas tentam amedrontar sua filha
para evitar o exame de DNA.
"Seguiram a Silvana num carro
Mitsubishi branco, sem placa",
diz. "Ela foi seguida até um sacolão." Rocha diz que pessoas anônimas telefonaram para a sua casa
e, disfarçando a voz, pediram para ele "parar com esse negócio de
DNA, parar com tudo, porque senão o negócio não ia ficar bem".
"Eu não estou dizendo que o
Paulo Maluf seja capaz de fazer isso. Ele é cristão. Estou desconfiando é dos malufistas", diz Rocha. É por isso, segundo ele, que a
filha e a neta estão escondidas.
Morando de favor com parentes, Silvana e o pai venderam a casa em que moravam, no bairro de
Artur Alvim, na zona leste de São
Paulo. Silvana diz que a casa foi
um presente de Calim Eid, o chefe
das campanhas malufistas.
Rocha diz que sobrevive de trabalhos eventuais que faz na loja de
um sobrinho, no sul de Minas Gerais. O advogado de Silvana está
pedindo pensão alimentícia para
a neta de Rocha. "É um direito irrenunciável da criança", diz.
Rocha afirma que nunca exigiu
antes o reconhecimento da paternidade na Justiça porque Calim
Eid sempre lhe prometeu que o
exame seria feito. "Ele pedia para
esperar depois da eleição. Aí o
doutor Paulo virou prefeito, ele
pediu para dar um tempo."
O ex-malufista diz que, caso
Maluf queira mesmo apressar o
processo, como assegura, Silvana
pode autorizar o exame a qualquer momento, sem que a Justiça
precise se pronunciar. "Ela pode
mandar um fio de cabelo da filha
a ele para que o exame seja feito."
"O doutor Paulo vai ter a maior
decepção da vida dele. O exame
vai provar a paternidade", diz Rocha. "Eu não tenho dúvida. Ela é
parecida com ele em tudo. Até a
pintinha que tem no pescoço do
doutor Paulo, ela tem também".
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