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GOVERNO
Além de acelerar inaugurações, Executivo libera verba para emendas parlamentares
FHC e 4 ministros fazem 85 viagens no período eleitoral
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A três meses do final do mandato, o governo Fernando Henrique
Cardoso aproveita inaugurações
de obras e viagens de ministros
pelos Estados para divulgar suas
realizações em veículos de imprensa regionais.
Os ministros responsáveis pelos
quatro maiores Orçamentos estão
em plena atividade -fizeram no
total 74 viagens desde o início do
período eleitoral, no início de julho, sem contar outras 11 do presidente. Pelo menos 37 inaugurações de obras públicas -ato permitido no período eleitoral- foram realizadas pelos ministérios.
Além disso, há a liberação de recursos do Orçamento da União,
que mantém o ritmo de anos anteriores, mas privilegia os congressistas da base governista.
Um percentual muito pequeno
do Orçamento de 2002 foi executado, mas deputados, senadores,
prefeitos e governadores estão de
olho nos chamados "restos a pagar" do Orçamento de 2001. Esses
recursos foram reservados no ano
passado e estão sendo pagos neste
ano. Já foram pagos R$ 4,5 bilhões
e restam R$ 3,8 bilhões.
Na modalidade de "restos a pagar", as emendas dos deputados e
senadores governistas têm um
aproveitamento médio de 55%,
enquanto as emendas dos congressistas de oposição têm aproveitamento de 32%.
Os congressistas do PSDB
-partido de FHC-, por exemplo, tinham R$ 169,2 milhões do
Orçamento de 2001 para as suas
emendas. Conseguiram a liberação de R$ 35 milhões no ano passado e mais R$ 56,6 milhões neste
ano -somando 54% do valor total das emendas.
Os parlamentares do PT aprovaram emendas no valor de R$
97,3 milhões em 2001. Foram
atendidos com apenas R$ 7,4 milhões no ano passado e mais R$
20,8 milhões neste ano -um
aproveitamento total de 29%.
Os quatro ministérios mais
atraentes para os congressistas
-Saúde, Educação, Transportes
e Integração Nacional- ainda
têm R$ 2,2 bilhões para executar
em "restos a pagar". São R$ 421
milhões para a Integração Nacional, R$ 873 milhões para o Ministério da Saúde, R$ 294 milhões
para Educação e R$ 635,7 milhões
para Transportes.
Os dados sobre as liberações são
do Siafi (sistema que registra gastos do governo) e foram levantados pelo gabinete do deputado
Agnelo Queiroz (PC do B-DF).
Viagens
O ministro da Saúde, Barjas Negri, fez 27 viagens por dez Estados
desde o início do período eleitoral. Participou de 18 inaugurações
de prédios e instalações hospitalares, como hemocentros, centros
cirúrgicos, serviços de tomografia
computadorizada e hospitais universitários. Participou até da reinauguração do hospital regional
de Palmares, em Recife (PE).
O ministro dos Transportes,
João Henrique Sousa, que assumiu o cargo em abril deste ano,
fez 12 viagens por oito Estados
desde julho. Inaugurou ponte ferroviária, passarela, contorno e
acesso rodoviários. No Maranhão, inaugurou a ponte que integra a Ferrovia Norte-Sul.
Já o Ministério da Educação
promoveu 12 inaugurações em
quatro Estados no período eleitoral. Foram entregues centros educacionais, escolas técnicas, escolas
agrotécnicas e ampliações de universidades federais.
O ministro Paulo Renato Souza
não participou da inauguração de
obras com recursos do governo,
mas fez 13 viagens para participar
de eventos em cinco Estados,
além de outras 15 viagens para audiências nas representações do
ministério no Rio e em São Paulo.
No cargo desde 26 de julho, o
ministro da Integração Nacional,
Luciano Barbosa, já recebeu 25
deputados, dez senadores, sete
prefeitos e sete governadores em
audiências. O ministro ainda encontrou tempo para visitar 22 cidades em 11 Estados.
O seu primeiro compromisso
como ministro, no dia 26 de julho,
às 7h, foi uma entrevista à rádio
Arapiraca FM. Depois, esteve por
duas vezes em Alagoas, visitando
obras e divulgando o programa
Bolsa-Renda. Indicado para o
cargo pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o ministro é marido da prefeita de Arapiraca.
O presidente FHC manteve o
ritmo dos ministros, fazendo 11
viagens a sete Estados diferentes
no período eleitoral. Inaugurou o
Sivam (Sistema de Vigilância da
Amazônia) em Manaus (AM),
apresentou aviões do programa
em Anápolis (GO) e inaugurou
pontes no Pará e no Tocantins.
As maiores obras inauguradas
pelo presidente foram a alça viária
da região metropolitana de Belém, uma obra feita em conjunto
com o governo do Pará, no valor
total de R$ 250 milhões, e a Ponte
da Amizade, rebatizada de Ponte
Fernando Henrique Cardoso,
construída sobre o lago de Palmas
(TO). Foi construída com recursos do Estado do Tocantins.
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