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RETA FINAL
Segundo o ex-governador do Ceará, uma nova geração formada por "populares" assumirá o partido após as eleições
Tasso vê o fim dos "acadêmicos" no PSDB
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Com o término do período eleitoral deste ano, encerra-se a era
dos "acadêmicos" e se inicia a era
dos "gestores" e dos "populares"
dentro do PSDB, na opinião do
tucano Tasso Jereissati. Para ele, a
grande liderança que passa a ganhar mais destaque no partido é o
mineiro Aécio Neves.
"Uma geração do PSDB, dos líderes, dos fundadores, terminou,
principalmente com a morte do
Mário Covas. Agora, será um novo grupo, uma nova geração, uma
nova cara. Todo o grupo de intelectuais, acadêmicos, ligados ao
José Serra, ao Fernando Henrique
Cardoso, que sempre predominou dentro do PSDB, naturalmente, não porque é ruim, mas
naturalmente perde o espaço na
cena e novos nomes ganham espaço", disse Tasso na madrugada
de ontem, logo após o último comício do partido no primeiro turno, em Fortaleza.
Na mudança do perfil interno
do PSDB, Tasso afirma se encaixar no grupo de Aécio e disse que,
logo após o resultado das eleições,
vai procurar o mineiro.
"Com certeza eu não vou dar
nenhum passo sem ter uma conversa com o PSDB de Minas Gerais, com o Aécio, seja qual for o
resultado, e a partir de uma estratégia montada pelo Eduardo Azeredo [ex-governador de Minas e
candidato ao Senado] deve-se definir o nosso futuro no partido, e
passa por aí o futuro do PSDB."
Elogio
Tasso afirma não temer ir para a
oposição caso o PT conquiste a
Presidência da República, apesar
de declarar ser admirador e amigo de Luiz Inácio Lula da Silva.
"Acho o Lula um político extraordinário, um político fundamental para a minha geração. Se
não tivesse o Lula na política, haveria um espaço vazio que não teria se completado", disse.
Tasso e Lula chegaram a pensar
em uma composição para a candidatura do petista à Presidência
em 1994, como o próprio ex-governador conta, mas as divergências se tornaram incompatíveis,
segundo Tasso, durante o plebiscito do parlamentarismo. O PT
defendeu a manutenção do presidencialismo, contra o parlamentarismo, bandeira do PSDB.
"O PT não me assusta, não me
assusta ir para a oposição. Uma
vez o Tancredo Neves esteve aqui
nas Diretas -ele tinha sido bastante amigo do meu pai- e me
aconselhou a entrar na política.
Ele dizia que era hora de entrar
para assumir a espaço de oposição, porque havia ambiente para
isso. É muito ruim a pessoa se
acostumar só em estar com a situação a vida inteira."
Palanque
Apesar da chance de Lula vencer ainda no primeiro turno, Tasso acredita que vai haver segundo
turno e afirma que irá para o palanque de José Serra, ao contrário
do que aconteceu no primeiro
turno, quando ele preferiu liberar
seus partidários no Estado, em
benefício da candidatura de seu
aliado Ciro Gomes (PPS).
"Seria uma farsa se nós disséssemos que éramos Serra com a militância que nós temos, com as lideranças que nós temos no interior,
que historicamente são as mesmas do Ciro", disse.
Tasso afirma não se arrepender
de ter apostado em Ciro e atribui
os problemas da campanha do
candidato do PPS a "equívocos".
"O Ciro não teve uma estrutura
suficiente para enfrentar o desafio
de ser líder."
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