São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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RETA FINAL

Segundo o ex-governador do Ceará, uma nova geração formada por "populares" assumirá o partido após as eleições

Tasso vê o fim dos "acadêmicos" no PSDB

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Com o término do período eleitoral deste ano, encerra-se a era dos "acadêmicos" e se inicia a era dos "gestores" e dos "populares" dentro do PSDB, na opinião do tucano Tasso Jereissati. Para ele, a grande liderança que passa a ganhar mais destaque no partido é o mineiro Aécio Neves.
"Uma geração do PSDB, dos líderes, dos fundadores, terminou, principalmente com a morte do Mário Covas. Agora, será um novo grupo, uma nova geração, uma nova cara. Todo o grupo de intelectuais, acadêmicos, ligados ao José Serra, ao Fernando Henrique Cardoso, que sempre predominou dentro do PSDB, naturalmente, não porque é ruim, mas naturalmente perde o espaço na cena e novos nomes ganham espaço", disse Tasso na madrugada de ontem, logo após o último comício do partido no primeiro turno, em Fortaleza.
Na mudança do perfil interno do PSDB, Tasso afirma se encaixar no grupo de Aécio e disse que, logo após o resultado das eleições, vai procurar o mineiro.
"Com certeza eu não vou dar nenhum passo sem ter uma conversa com o PSDB de Minas Gerais, com o Aécio, seja qual for o resultado, e a partir de uma estratégia montada pelo Eduardo Azeredo [ex-governador de Minas e candidato ao Senado] deve-se definir o nosso futuro no partido, e passa por aí o futuro do PSDB."

Elogio
Tasso afirma não temer ir para a oposição caso o PT conquiste a Presidência da República, apesar de declarar ser admirador e amigo de Luiz Inácio Lula da Silva.
"Acho o Lula um político extraordinário, um político fundamental para a minha geração. Se não tivesse o Lula na política, haveria um espaço vazio que não teria se completado", disse.
Tasso e Lula chegaram a pensar em uma composição para a candidatura do petista à Presidência em 1994, como o próprio ex-governador conta, mas as divergências se tornaram incompatíveis, segundo Tasso, durante o plebiscito do parlamentarismo. O PT defendeu a manutenção do presidencialismo, contra o parlamentarismo, bandeira do PSDB.
"O PT não me assusta, não me assusta ir para a oposição. Uma vez o Tancredo Neves esteve aqui nas Diretas -ele tinha sido bastante amigo do meu pai- e me aconselhou a entrar na política. Ele dizia que era hora de entrar para assumir a espaço de oposição, porque havia ambiente para isso. É muito ruim a pessoa se acostumar só em estar com a situação a vida inteira."

Palanque
Apesar da chance de Lula vencer ainda no primeiro turno, Tasso acredita que vai haver segundo turno e afirma que irá para o palanque de José Serra, ao contrário do que aconteceu no primeiro turno, quando ele preferiu liberar seus partidários no Estado, em benefício da candidatura de seu aliado Ciro Gomes (PPS).
"Seria uma farsa se nós disséssemos que éramos Serra com a militância que nós temos, com as lideranças que nós temos no interior, que historicamente são as mesmas do Ciro", disse.
Tasso afirma não se arrepender de ter apostado em Ciro e atribui os problemas da campanha do candidato do PPS a "equívocos". "O Ciro não teve uma estrutura suficiente para enfrentar o desafio de ser líder."


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