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ACRE
Em depoimento, "cadastrador" confirmou ter aliciado moradores a pedido do candidato Ronivon Santiago, que oferecia R$ 100 por voto
PF prende acusado de cadastrar eleitores
GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A RIO BRANCO
A Polícia Federal prendeu ontem em flagrante, em Rio Branco,
o "cadastrador" de eleitores Advilson Nascimento de Lima. No
depoimento, ele confirmou ter
aliciado eleitores do bairro de
Santa Inês, periferia da capital, a
pedido do candidato a deputado
federal Ronivon Santiago (PPB).
As investigações sobre a tentativa de compra de voto foram baseadas nas informações da Folha.
A primeira reportagem sobre
compra de votos no Acre foi publicada na edição de ontem.
Em 97, Ronivon era deputado
federal do PFL quando foi acusado de receber R$ 200 mil para votar a favor da emenda da reeleição. Ele negou tudo, mas renunciou sem explicar o motivo.
Na casa de Advilson, foram encontrados cadastros com o nome
de 400 eleitores, o número do título, a zona e a seção. Ele confirmou
que as pessoas iriam, segundo
promessas de Ronivon, receber
R$ 100 por voto.
O "cadastrador" foi indiciado
com base no artigo 299 do Código
Eleitoral, que prevê até quatro
anos de reclusão para quem oferecer dinheiro ou vantagens em
troca de voto.
O superintendente da Polícia
Federal, Paulo Fernando Bezerra,
informou que enviaria ainda ontem uma cópia do auto de prisão,
do depoimento de Advilson e dos
cadastros de eleitores ao Ministério Público Federal. O objetivo da
Procuradoria da República é pedir a cassação da candidatura do
candidato Ronivon.
A polícia já ouviu quatro eleitores do bairro de Santa Inês, que
confirmaram a tentativa de compra de voto. Os nomes dessas pessoas estão sendo preservados.
O esquema de aliciamento de
eleitores de Ronivon era o seguinte: dividir a periferia de Rio Branco, onde está concentrada a maioria dos 369.700 mil eleitores do
Acre, e contratar um "cadastrador" para cada um dos bairros.
A residência do "cadastrador"
serve como uma espécie de comitê eleitoral no bairro. Em Santa
Inês, Ronivon reuniu-se com eleitores na casa de advilson, há cerca
de três semanas, e prometeu pagar R$ 100, a partir das 17h deste
domingo, para quem votasse nele
para federal. O cadastramento foi
encerrado na terça.
Advilson disse à Folha na quarta, em Santa Inês, ter entregado a
Ronivon uma lista com mais ou
menos 500 nomes de eleitores. A
Folha apurou, no entanto, que o
total de cadastrados chega a cerca
de 15 mil pessoas.
No esquema de compra de votos, também está incluído o irmão
de Ronivon que concorre a uma
vaga na Assembléia Legislativa
com o nome de Santiago (PPB).
Na casa de Ronivon, em Rio
Branco, onde ele atende eleitores,
está pintado na parede a frase
"trio parada dura" com a fotografia dos três irmãos políticos: Ronivon (que na verdade se chama José Santiago, mas tem esse apelido
por ser considerado um "sujeito
simpático"), Santiago (o deputado estadual) e Carlinhos Santiago
(vereador).
Taxistas ouvidos pela Folha informaram que Carlinhos -que
tem bom trânsito com os motoristas- distribuiu nos pontos da
capital fichas de cadastro específicas, com lugar para preencher os
dados de cinco eleitores.
Os motoristas que quisessem
participar da reunião de cadastramento feita no dia 18, na casa de
Carlinhos, deveriam apresentar a
ficha com pelo menos três nomes
preenchidos. Era o passaporte para concorrer a 25 litros de gasolina
sorteados na ocasião para 50 taxistas que foram ao encontro.
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