São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2007

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Cúpula da Câmara pressionou Supremo

Deputados advertiram ministros de que cassação em massa provocaria crise; Temer teve encontro com Celso de Mello

Pelo menos três líderes de partidos diziam que Casa não deveria cumprir ordem para cassar deputados em razão das trocas de legenda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ameaça que pairou sobre o mandato de 45 deputados federais levou a cúpula da Câmara a exercer pressão direta e indireta sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal, que receberam pessoalmente ou por meio de interlocutores a avaliação de que a cassação em massa trazia o risco real de crise institucional entre os dois Poderes.
Vários deputados federais ouvidos pela Folha na última semana afirmaram que a crise se concretizaria caso houvesse a determinação da cassação de dezenas de parlamentares, decisão que corria o risco de ser descumprida pela Câmara.
Um exemplo de como o mundo político acompanhou de perto os bastidores da decisão foi o encontro reservado mantido pelo presidente do PMDB, Michel Temer (SP), com o ministro Celso de Mello, o primeiro a manifestar seu voto no julgamento de ontem.
Temer foi um dos participantes da reunião ocorrida anteontem no gabinete do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ocasião em que se discutiu uma saída de descumprimento caso o STF tomasse a medida "radical". No caso, a saída seria submeter a ordem de cassação ao plenário da Câmara, majoritariamente contra as perdas de mandato.
O próprio Chinaglia revelou no último dia 25, em plenário, que mantinha conversas reservadas com a presidente do STF, Ellen Gracie, sendo que os dois se encontraram pessoalmente.
Na ocasião, ele se manifestou contra as cassações em massa e disse que trabalharia para evitar uma crise institucional. Chinaglia negou enfaticamente participar de articulação para confrontar decisões do STF.
Ao menos três líderes defendiam abertamente o descumprimento: Luciano Castro (PR-RR), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Renildo Calheiros (PC do B-PE). Ontem, Castro, que lidera a bancada mais ameaçada, a do PR, ligou para o deputado José Múcio (PTB-SP), líder do governo na Câmara, para que ele fosse pessoalmente ao STF acompanhar o julgamento -e foi atendido.
O deputado Flávio Dino (PC do B-SP), que já presidiu a Ajufe, também foi ao Supremo acompanhar a sessão. Além deles, participaram das conversas dos últimos dias os deputados José Eduardo Cardozo (PT-SP) e Ibsen Pinheiro (PMDB-RS). (RANIER BRAGON E SILVANA DE FREITAS)


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