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Cúpula da Câmara pressionou Supremo
Deputados advertiram ministros de que cassação em massa provocaria crise; Temer teve encontro com Celso de Mello
Pelo menos três líderes de partidos diziam que Casa não deveria cumprir ordem para cassar deputados em razão das trocas de legenda
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ameaça que pairou sobre o
mandato de 45 deputados federais levou a cúpula da Câmara a
exercer pressão direta e indireta sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal, que receberam pessoalmente ou por
meio de interlocutores a avaliação de que a cassação em massa
trazia o risco real de crise institucional entre os dois Poderes.
Vários deputados federais
ouvidos pela Folha na última
semana afirmaram que a crise
se concretizaria caso houvesse
a determinação da cassação de
dezenas de parlamentares, decisão que corria o risco de ser
descumprida pela Câmara.
Um exemplo de como o
mundo político acompanhou
de perto os bastidores da decisão foi o encontro reservado
mantido pelo presidente do
PMDB, Michel Temer (SP),
com o ministro Celso de Mello,
o primeiro a manifestar seu voto no julgamento de ontem.
Temer foi um dos participantes da reunião ocorrida anteontem no gabinete do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ocasião em que
se discutiu uma saída de descumprimento caso o STF tomasse a medida "radical". No
caso, a saída seria submeter a
ordem de cassação ao plenário
da Câmara, majoritariamente
contra as perdas de mandato.
O próprio Chinaglia revelou
no último dia 25, em plenário,
que mantinha conversas reservadas com a presidente do STF,
Ellen Gracie, sendo que os dois
se encontraram pessoalmente.
Na ocasião, ele se manifestou
contra as cassações em massa e
disse que trabalharia para evitar uma crise institucional.
Chinaglia negou enfaticamente
participar de articulação para
confrontar decisões do STF.
Ao menos três líderes defendiam abertamente o descumprimento: Luciano Castro (PR-RR), Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN) e Renildo Calheiros (PC do B-PE). Ontem, Castro, que lidera a bancada mais
ameaçada, a do PR, ligou para o
deputado José Múcio (PTB-SP), líder do governo na Câmara, para que ele fosse pessoalmente ao STF acompanhar o
julgamento -e foi atendido.
O deputado Flávio Dino (PC
do B-SP), que já presidiu a Ajufe, também foi ao Supremo
acompanhar a sessão. Além deles, participaram das conversas
dos últimos dias os deputados
José Eduardo Cardozo (PT-SP)
e Ibsen Pinheiro (PMDB-RS).
(RANIER BRAGON E SILVANA DE FREITAS)
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