São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ministra diz que assumiu papel "anfíbio" no governo

Dilma afirma que é tanto técnica quanto política

DA REPORTAGEM LOCAL

Durante a discussão sobre as indicações dos partidos para cargos públicos no governo federal, mais especificamente as nomeações para a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e para a estatal de energia Furnas (chefiada pelo ex-prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde), a ministra Dilma Rousseff rejeitou a separação entre perfis técnicos e políticos e se definiu como "anfíbia", alguém capaz de aliar as duas qualidades.
Ela disse que os especialistas não são, necessariamente, bons gestores. E continuou: "Em todas as diretorias [de estatais] você vai ter que combinar gestores que tenham um certo grau de universalismo com especialistas da área".

 


ANFÍBIA
Ao ser questionada se era mais técnica ou política, a ministra afirmou: "Eu sou anfíbia, tinha 19 para 20 anos e fiquei três anos na cadeia. Eu não fiquei presa por nenhuma razão técnica. Depois, eu exerci a minha função na área da energia elétrica, e o megawatt é uma coisa muito concreta".


TECNOCRATAS
Para a ministra, exigir apenas especialistas no governo é um erro. "Sabe o que é uma visão tecnocrática? É aquela visão de que quando você dirige uma empresa ou um país as suas opções estão nos manuais técnicos, e elas não estão."
A ministra afirmou que é uma "ingenuidade tupiniquim" acreditar que seja possível "uma gestão pura e simplesmente técnica". Para ela, "não se resolve o problema do país colocando um especialista em engenharia física nuclear na direção do Brasil".


CANDIDATURA
A ministra se recusou a falar sobre a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Temos dez meses de governo do segundo mandato e ao governo do presidente Lula não interessa uma discussão sobre sucessão para 2010. Sempre achamos que pode haver nessa antecipação uma tentativa de encurtar o nosso mandato."
Ao ser questionada se aceitaria um chamado do presidente para ser a candidata em 2010, disse que não irá concorrer: "Eu não sou candidata".


OPÇÕES EM 2010
Ela disse que o nome do candidato governista em 2010 pode sair tanto da base aliada quanto do PT. Questionada sobre o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), ela disse: "O ex-ministro Ciro Gomes, meu amigo pessoal, tem todas as condições de ser candidato à Presidência. Ele deu contribuições bastantes significativas para o país".


PT PÓS-MENSALÃO
Mais uma vez, Dilma disse condenar um julgamento político de José Dirceu. Segundo ela, o PT resistiu à crise. "Sistematicamente, vem se tentando diminuir o tamanho do PT. Antes das eleições, foi dito que o PT ia desaparecer. O PT saiu fortalecido das eleições e também aprendeu muito nesse processo. A decisão do Supremo [sobre Dirceu], sob o ponto de vista do governo, só pode ser comentada com uma frase: nós respeitamos a decisão".


ARAGUAIA
Dilma falou que o governo vai cumprir a decisão judicial que abre os arquivos sobre a guerrilha do Araguaia (PA). Em 1974, as Forças Armadas extinguiram o movimento armado organizado pelo PC do B contra o regime militar. Disse ser contra o revanchismo e as "tentativas de vingança". Segundo ela, "não há, da parte do governo, em relação às Forças Armadas, nenhuma posição que não seja uma posição de fortalecimento, de ampliação e de respeito às suas características".


Texto Anterior: Foco: Após 36 anos, ministra revê companheira de cela em prisão da ditadura
Próximo Texto: Frases
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.