São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002

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PL cobra dois ministérios de petista

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As bancadas do PL na Câmara e no Senado se reúnem nesta quinta-feira, em Brasília, para cobrar do PT uma decisão sobre o espaço do partido no governo Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado João Caldas (AL), vice-líder do PL, defende que o partido receba dois ministérios, três estatais e mais alguns "cargos de relevância" no governo federal.
"O que queremos é participar do governo. Quem ganha vai para o governo. E, para participar, temos que ter cargos", afirma Caldas. Ele antecipou que, na reunião de quinta, na casa do vice-presidente nacional do PL, deputado Bispo Rodrigues (RJ), os congressistas vão cobrar "qual será o espaço do partido no governo".
Atuando em outra frente, o presidente nacional do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), almoçou ontem em Goiânia com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), em busca de apoio para ampliar a sua bancada de 26 para 50 deputados.
Costa Neto já havia pedido ajuda ao governador eleito da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB). Em troca, ele se coloca à disposição para ajudar os governadores no futuro governo Lula.
Para Caldas, teve pouca importância a reunião dos partidos aliados com a cúpula do PT na última sexta-feira, em São Paulo. "Foi para fazer a foto de final de ano", ironiza. Ele sugere que o PL tenha um tratamento diferenciado dos demais aliados. "Existem partidos e siglas", argumenta.
O deputado alagoano defende que seja considerada a importância do PL na eleição de Lula. "Se o PT é a onda vermelha, o PL é o glóbulo branco do governo. Nós indicamos o vice e fizemos uma aliança que foi cantada em prosa e verso. Vamos procurar ter uma participação ativa no governo."
Integrante do chamado "baixo clero" do Congresso, Caldas dá a receita para Lula conseguir maioria parlamentar. "Ele está negociando com os partidos, institucionalmente. Se ele fizer um contato direto com os congressistas, consegue mais cem deputados facilmente. Você acha que o PFL, o PMDB e o PL elegeram quantos deputados? Zero. Cada um se elegeu sozinho."
E completa: "Se [Lula] negociar com as cúpulas, vai ficar ilhado e refém, pelo preço da barganha dos partidos. Será um Fernando Henrique de barba".
Caldas afirma que, no governo FHC, o então ministro Sérgio Motta (Comunicações), morto em 1998, fazia a negociação direta com os congressistas. "Veja se tinha cacique mandando. Sérgio Motta fazia a ligação direta com o Congresso. O Fernando Henrique só fez isso no final do governo. Quando estava no pau-de-arara, corria atrás dos deputados."


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