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Segundo o Ministério Público Federal, a Polícia Federal já tem indícios suficientes para solicitar até quebra de sigilos de magistrados
Para procurador, há prova para prender juízes
IURI DANTAS
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Procuradores do Ministério Público Federal consideram que a
Polícia Federal já teria reunido
provas suficientes para pedir a
prisão preventiva dos juízes federais Casem e Ali Mazloum, ambos
denunciados na Operação Anaconda. O primeiro, por formação
de quadrilha, falsidade ideológica
e interceptação ilegal de telefone.
O segundo, por formação de quadrilha, ameaça e abuso de poder.
O também juiz federal João Carlos da Rocha Mattos já havia tido
a sua prisão preventiva requerida
pelo Ministério Público. Ele foi
denunciado por formação de
quadrilha, falsidade ideológica,
peculato (apropriação de bens
por funcionário público), prevaricação e corrupção passiva.
Na avaliação dos procuradores,
segundo apurou a Folha, as provas são suficientes para pedir a
quebra de sigilo fiscal e bancário
dos três juízes. A intenção é cruzar informações sobre as sentenças -que supostamente favoreceram empresas- e eventuais
depósitos nas contas bancárias
dos magistrados.
Depois de passar a tarde na Polícia Federal, em Brasília, os procuradores convenceram-se de que a
quadrilha, da qual supostamente
fariam parte os irmãos Mazloum
e Rocha Mattos, negociava a venda das sentenças.
Os três, e mais um outro magistrado cuja identidade ainda está
sendo mantida em sigilo, operariam inclusive nas regiões Norte e
Nordeste do país.
Na avaliação do Ministério Público, segundo a Folha apurou, a
ex-auditora da Receita Federal e
ex-mulher de Rocha Mattos, Norma Regina Emílio Cunha, presa
na semana passada, atuava como
caixa da organização criminosa.
Por esse motivo é que havia US$
550.549 e dois quilos de ouro em
barra em sua casa, em São Paulo.
Próximos passos
Duas procuradoras federais de
São Paulo, Ana Lúcia Amaral e Janice Ascari, chegaram ontem a
Brasília para discutir com o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo
Lacerda, os próximos passos da
chamada Operação Anaconda.
As duas informaram a Lacerda
que foram apreendidas fitas com
conversas gravadas relativas ao
caso de Celso Daniel, ex-prefeito
de Santo André (ABC paulista),
assassinado em janeiro de 2002.
A reunião concluiu pela necessidade de prosseguir a coleta de
provas contra os três juízes.
Na semana passada, a Polícia
Federal deu início à fase operacional da Operação Anaconda, cujas
investigações tiveram início há
um ano e nove meses. Foram presas, em São Paulo e Maceió, oito
pessoas e apreendidos 1.300 kg de
documentos e 30 computadores.
Crise
A reunião das procuradoras
paulistas com Lacerda também
teve como objetivo amenizar a
crise política deflagrada na polícia
depois do início das prisões. O superintendente da PF em São Paulo, Francisco Baltazar, desconhecia a amplitude da operação e afirmou ter se sentido traído. Chegou
a chorar numa cerimônia ocorrida anteontem.
Para aliviar o desconforto de
Baltazar, que foi segurança do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que tem fortes ligações com o
PT, o ministro Márcio Thomaz
Bastos (Justiça) almoçou com ele
anteontem. Para o Planalto, o
mal-estar já foi resolvido, e o assunto está encerrado.
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