|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONGRESSO
Projeto amplia prazo para que governos reduzam endividamento
Senado adia ajuste fiscal de Estados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CAE (Comissão de Assuntos
Econômicos) do Senado aprovou
ontem um projeto que amplia o
prazo previsto na legislação atual
para a redução das dívidas de Estados e municípios.
Pelo texto, que ainda terá de ser
aprovado pelo plenário, governadores e prefeitos que estão acima
dos limites de endividamento terão mais quatro quadrimestres
para iniciar os ajustes nas contas.
A legislação estabelece que, até
2016, as dívidas dos Estados devem equivaler a, no máximo,
200% da receita anual; para os
municípios, o teto é de 120%. Os
governos que hoje não estão enquadrados nesses parâmetros devem reduzir, anualmente, o endividamento em excesso.
A extensão de prazo, negociada
no Senado com o aval do governo
federal, tem uma justificativa: o
aumento da inflação provocado
pela disparada do dólar no ano
passado levou a um crescimento
inesperado das dívidas de Estados
e municípios -cujo valor é corrigido pelo IGP, um índice muito
afetado pelo câmbio.
Em 2002, o IGP subiu 26,4%,
contra, por exemplo, 12,5% do IPCA, índice que serve de base para
as metas de inflação seguidas pelo
Banco Central. Em casos assim, a
LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) autoriza o Senado a conceder
mais tempo para que as unidades
da Federação possam cumprir as
metas de ajuste fiscal.
Segundo dados do Tesouro Nacional, oito Estados estão acima
do limite de endividamento previsto em lei: Alagoas, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul e São Paulo -este,
aliás, iniciou o pleito por novas regras para o ajuste fiscal.
Mudanças
O projeto aprovado ontem também modifica o cálculo da receita
de Estados e municípios, que passa a levar em conta a correção monetária pelo IGP, o mesmo índice
aplicado às dívidas.
"A apuração da receita, da forma como é realizada hoje, sem a
devida atualização monetária, subestima o nível real de receita dos
entes da Federação, especialmente num contexto de retomada de
níveis inflacionários", declarou o
relator do projeto, senador César
Borges (PFL-BA).
A aprovação do projeto, cujo
texto original era do senador Romeu Tuma (PFL-SP), também
contou com o aval da equipe econômica do governo federal.
Segundo o líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), o alargamento do prazo é justificável pelo "descompasso entre
a receita e a dívida dos Estados,
provocado pela crise cambial do
ano passado".
A medida, caso venha a ser
aprovada sem alterações pelo plenário, também beneficiará a Prefeitura de São Paulo, cuja dívida,
de R$ 23,9 bilhões, equivale a
242% de sua receita anual, pelos
critérios atuais de cálculo.
Texto Anterior: Governo minado: Luiz Eduardo acusa petistas de fazer escuta clandestina Próximo Texto: Comissão libera créditos a Poderes Índice
|