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NO AR
Guerra declarada
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Depois de posar com uma
equipe angolana que usa
uniforme do Corinthians e antes
de dançar em Moçambique, Lula falou do Brasil.
Falou à sua maneira. Em reação aos ataques a policiais, afirmou que "os bandidos têm ficado desaforados".
E seguiu com suas obsessões.
Afirmou que o crime é resistente
assim porque "tem seu braço
político, seu braço judiciário"
etc. E exortou: "O Estado tem
que ser duro".
Petistas de toda ordem entraram na história. Marta Suplicy,
cuja Guarda Civil foi atacada,
cobrou "ação mais rápida" do
governo tucano.
O ministro Márcio Thomaz
Bastos, que continua sem um secretário nacional de Segurança,
ofereceu a Polícia Federal a Geraldo Alckmin.
O governador tucano demorou, demorou, mas surgiu afinal
para falar dos ataques. Disse
que são "reação de desespero"
motivada pelo encarceramento
dos líderes em presídio de segurança máxima.
E, mais comedido do que Lula,
mas não menos ameaçador,
afirmou que não aceita a chantagem dos criminosos e que não
vai retroceder.
Começou então, finalmente, o
que o apresentador José Luiz
Datena chamou de "guerra declarada" contra o PCC. Com
certo atraso, mas pelo menos
com a frente unida da ordem
tucano-petista.
Mais ordem tucano-petista. O
líder Arthur Virgílio atacou o
"caso de amor entre governo
Lula e FMI" e o "jogo de cena"
que o precedeu: a possibilidade
levantada por petistas de não fechar novo acordo.
É cômico um tucano criticar o
que foi feito tantas vezes pelo ex-presidente tucano, mas a ironia
com o "jogo de cena" é mais do
que adequada.
Ele continua. O que se diz agora é que pode não haver novo
acordo, apenas a prorrogação
do atual, selado em 2002 por
FHC. Mas o chefe da missão do
FMI abriu o jogo:
- Não há muita diferença
entre as duas coisas.
Entre um acordo e outro. Ou
entre um governo do PT e um
governo do PSDB.
A guerra no Iraque é um diário de más notícias para George
W. Bush, mas o avanço neoconservador prossegue no front interno americano.
Agora foi a CBS que cedeu ao
lobby e vetou uma minissérie
sobre o ídolo neoconservador
Ronald Reagan.
Foram semanas de pressão
contra patrocinadores etc. E assim a minissérie vai para o cabo,
para ninguém falar em censura,
embora o seja.
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