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São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2003

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NO AR

Guerra declarada

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Depois de posar com uma equipe angolana que usa uniforme do Corinthians e antes de dançar em Moçambique, Lula falou do Brasil.
Falou à sua maneira. Em reação aos ataques a policiais, afirmou que "os bandidos têm ficado desaforados".
E seguiu com suas obsessões. Afirmou que o crime é resistente assim porque "tem seu braço político, seu braço judiciário" etc. E exortou: "O Estado tem que ser duro".
Petistas de toda ordem entraram na história. Marta Suplicy, cuja Guarda Civil foi atacada, cobrou "ação mais rápida" do governo tucano.
O ministro Márcio Thomaz Bastos, que continua sem um secretário nacional de Segurança, ofereceu a Polícia Federal a Geraldo Alckmin.
O governador tucano demorou, demorou, mas surgiu afinal para falar dos ataques. Disse que são "reação de desespero" motivada pelo encarceramento dos líderes em presídio de segurança máxima.
E, mais comedido do que Lula, mas não menos ameaçador, afirmou que não aceita a chantagem dos criminosos e que não vai retroceder.
Começou então, finalmente, o que o apresentador José Luiz Datena chamou de "guerra declarada" contra o PCC. Com certo atraso, mas pelo menos com a frente unida da ordem tucano-petista.
 
Mais ordem tucano-petista. O líder Arthur Virgílio atacou o "caso de amor entre governo Lula e FMI" e o "jogo de cena" que o precedeu: a possibilidade levantada por petistas de não fechar novo acordo.
É cômico um tucano criticar o que foi feito tantas vezes pelo ex-presidente tucano, mas a ironia com o "jogo de cena" é mais do que adequada.
Ele continua. O que se diz agora é que pode não haver novo acordo, apenas a prorrogação do atual, selado em 2002 por FHC. Mas o chefe da missão do FMI abriu o jogo:
- Não há muita diferença entre as duas coisas.
Entre um acordo e outro. Ou entre um governo do PT e um governo do PSDB.
 
A guerra no Iraque é um diário de más notícias para George W. Bush, mas o avanço neoconservador prossegue no front interno americano.
Agora foi a CBS que cedeu ao lobby e vetou uma minissérie sobre o ídolo neoconservador Ronald Reagan.
Foram semanas de pressão contra patrocinadores etc. E assim a minissérie vai para o cabo, para ninguém falar em censura, embora o seja.


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