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QUESTÃO MILITAR
Na Defesa, Alencar terá de resolver ainda questões ligadas ao setor aéreo, ao soldo dos militares e ao Haiti
Arquivos do regime serão problema para vice
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O vice-presidente José Alencar
(PL-MG) vai encontrar pela frente problemas sérios para resolver
quando assumir a pasta da Defesa, na próxima segunda-feira. São
problemas que o próprio ministro José Viegas considerava complexos. A saber:
1) Arquivos da ditadura: pivô da
queda de Viegas, a questão do relacionamento do Exército com
seu período ditatorial (1964-1985)
será um delicado tema para Alencar. Há pressão no PT, de setores
do governo e da sociedade civil
para a abertura de arquivos secretos. O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva prefere algo mais comedido e o Congresso está analisando
o tema, que deverá ficar em pauta.
2)Setor aéreo: as negociações
para a reestruturação do setor aéreo e de sua maior companhia, a
Varig, se arrastam desde o começo de 2003. A Defesa, que regula o
setor, estava analisando a edição
de uma medida provisória para
socorrer a Varig. De quebra, a
Vasp vem enfrentando problemas quase diários.
3) Haiti: as tropas brasileiras
que lideram a força de paz da
ONU no país caribenho estão enfrentando dificuldades, especialmente porque os outros países
que haviam prometido ajuda e
soldados não colaboraram plenamente. Mais: a autorização para
permanência tem de ser renovada
pelo Congresso em dezembro, e a
oposição já avisou que não vai facilitar a vida do governo.
"Nós votaremos contra a renovação assim como votamos contra o envio das tropas. Não se pode partir para uma ação militar
em outro país sem ter a idéia de
como vai sair. O problema do
Haiti é menos militar do que organizacional", afirmou ontem o
deputado José Carlos Aleluia
(BA), líder do PFL na Câmara.
4) Caças da FAB: Alencar terá
que tomar decisões sobre a polêmica compra de caças para a Força Aérea. Novela em curso desde
2001, o negócio de US$ 700 milhões sofre adiamentos sucessivos
por pressões de diversos setores
-a Embraer, maior empresa aeronáutica do país, faz lobby por
seu produto, o francês Mirage-2000. Os russos da Sukhoi, preferidos tecnicamente e associados à
brasileira Avibrás, receberam visita de Alencar no mês passado.
Suecos também estão na disputa.
Todos os concorrentes se acusam mutuamente de lobby predativo. O problema maior é o tempo: os Mirage atuais serão aposentados em 2005, e soluções alternativas como aluguel de aviões
de segunda mão são estudadas.
5) Soldo e falta de equipamento:
as Forças Armadas estão obsoletas em quase sua totalidade, e reequipamento é uma prioridade.
Viegas conseguiu colocar alguns
programas em curso, mas de forma geral o orçamento de R$ 5,2
bilhões em 2005 só dá para o custeio. Houve uma desgastante discussão sobre reajuste, que deverá
ser renovada no ano que vem.
6) A questão nuclear: há uma
controvérsia entre o governo brasileiro e a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) sobre
inspeções nas centrífugas da usina de enriquecimento de urânio
em Resende (RJ). O Brasil diz que
o objetivo da usina é pacífico e se
recusa a permitir "inspeção visual" nas chamadas ultracentrífugas -principal maquinário da fábrica, desenvolvidas com tecnologia brasileira. A AIEA e o governo
dos Estados Unidos pressionam
por uma inspeção mais completa.
Além dos listados, há várias
questões que precisam de análise
permanente da pasta, como a
Amazônia, principal ponto de
atenção geoestratégica do país.
(IGOR GIELOW E RANIER BRAGON)
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