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Maradona chama Bush de lixo humano
ENVIADA ESPECIAL A MAR DEL PLATA
Diego Maradona não fala de
geopolítica ou de livre comércio,
mas isso não importa. O importante é que o maior ídolo argentino chamou George W. Bush de
"lixo humano" antes de subir a
bordo do "Expresso da Alba", um
trem "de luxo" que partiu na noite de quinta-feira de Buenos Aires
com destino aos protestos anti-EUA em Mar del Plata.
Cinco vagões, fretados por partidos e organizações de esquerda,
em parte ligados ao governo Néstor Kirchner, foram ocupados pelo ex-jogador, ladeado pelo cineasta sérvio Emir Kusturica, que
grava um documentário sobre
ele; por Evo Morales, líder cocaleiro boliviano; e a nata da esquerda
festiva do país -jornalistas consagrados, atores de TV e cantores.
Todos, exceto Maradona, dispostos a falar de exploração imperialista e elogiar a coragem do venezuelano Hugo Chávez, mentor
da Alba (Alternativa Bolivariana
para as Américas, anti-Alca).
O que significa a presença do
craque, já que ele não discute Alca
ou Alba?, perguntou a Folha, que
seguiu viagem com as estrelas.
"Significa a chegada imediata e
direta ao coração do povo", disse
Miguel Bonasso, deputado argentino e um dos organizadores do
"Expresso da Alba". Não despolitiza? "Vai ser manchete mundial.
O diário de Nápoles vai estampar:
Maradona chamou Bush de lixo".
Foi-se o tempo em que a esquerda
criticava a cooptação de corações.
Além das palavras de ordem, é
preciso espetáculo.
O ex-jogador causou tumulto
na coletiva de imprensa, ainda em
Buenos Aires, onde o esperavam
torcedores do Boca Juniors. Fez
piada, disse que "arrancaria a cabeça de Bush". Vestido com uma
camiseta com a frase "Stop Bush",
trocou de figurino para passear
pelos cinco vagões do trem. Parte
dos 50 jornalistas a bordo -entre
200 passageiros- se espremiam
para acompanhá-lo.
Maradona está em todas: na Cúpula das Américas, no noticiário
de TV e até na discussão sobre se
assumirá ou não cargo técnico na
seleção argentina. Mesmo no noticiário político, a sombra da
comparação com Pelé não o larga:
"Boa a participação de Maradona.
Melhor que Pelé, que se aliou à ditadura brasileira", disse um cubano a uma agência de notícias.
O trem seguiu para chegar às
6h20 da manhã de ontem a Mar
del Plata (400 km de Buenos Aires), depois de 22 estações e mais
de seis horas viagem. Na estação,
mais torcedores do Boca, mais
bandeiras governistas. Esperado
na marcha contra Bush, Maradona sai de cena, por questões de segurança. Ele não participou das
manifestações no local.
(FM)
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