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Igreja Católica beatifica hoje padre Mariano
João Paulo 2º reconheceu as virtudes do pároco em 2004, e Bento 16 assinou, em abril, decreto que oficializou o milagre
Reconhecimento da cura de um menino abre caminho para que o padre espanhol, que viveu mais de 50 anos no Brasil, possa virar santo
JOSÉ EDUARDO RONDON
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
Na primeira cerimônia desse
tipo no Estado de São Paulo, a
Igreja Católica promove hoje a
beatificação do padre Mariano
de La Mata Aparício (1905-1983), na Catedral da Sé, na capital paulista, após o Vaticano
ter reconhecido um milagre
atribuído ao religioso em São
José do Rio Preto (SP). Com a
beatificação, abre-se a possibilidade de o padre virar santo.
Segundo o teólogo Fernando
Altmeyer, ouvidor da PUC-SP,
é a primeira beatificação de um
padre realizada no Estado.
O papa João Paulo 2º (1920-2005) havia assinado, em 20 de
dezembro de 2004, um decreto
no qual reconhecia "as virtudes
heróicas" do pároco espanhol,
que viveu 53 anos no Brasil. De
1933 a 1961, ele morou na região de São José do Rio Preto.
Em 28 de abril deste ano, o papa Bento 16 assinou o decreto
no qual oficializou o milagre.
Em 1997, a Ordem de Santo
Agostinho do Brasil enviou um
relatório ao Vaticano afirmando que o estudante João Paulo
Polotto (hoje com 16 anos),
atropelado por um caminhão
em 1996, foi curado de uma paralisia no lado esquerdo do corpo e de um traumatismo cranio-encefálico sem intervenção
cirúrgica após preces ao religioso. Segundo médicos e teólogos
do Vaticano, a cura do garoto
não teve explicação científica.
Segundo o presidente da comissão episcopal para a cultura, comunicação e educação da
CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil), dom Orani João Tempesta, a Santa Sé
mandou uma equipe a São José
do Rio Preto para investigar o
milagre. "Fizemos um tribunal
social na cúria, conversamos
com médicos, enfermeiros, os
pais da criança. Toda a documentação foi encaminhada à
Santa Sé", disse dom Orani.
A mãe do garoto, a médica
Eliana Lopes da Silva Polotto,
48, foi quem socorreu o filho
quando ele foi atropelado: "Um
dos médicos que o atenderam
disse que só Deus poderia salvá-lo. Eu já estava rezando e o
diretor do colégio na época, na
mesma hora, começou a rezar
para o padre Mariano. Ele convidou cerca de 2.000 alunos e
professores da escola a fazer a
prece. Imagina a força que deve
ter tido tudo isso". Ele ficou em
coma por quatro dias. "Quando
ele saiu do estado de coma,
acordou normal. Nunca fez fisioterapia e não apresentou nenhum tipo de seqüela. O que o
Vaticano achou de anormal foi
a rapidez da cura... Eu acredito
muito que associando a força
da fé com a ciência você pode
mais do que só com a ciência."
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