São Paulo, domingo, 05 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Igreja Católica beatifica hoje padre Mariano

João Paulo 2º reconheceu as virtudes do pároco em 2004, e Bento 16 assinou, em abril, decreto que oficializou o milagre

Reconhecimento da cura de um menino abre caminho para que o padre espanhol, que viveu mais de 50 anos no Brasil, possa virar santo

JOSÉ EDUARDO RONDON
CÍNTIA ACAYABA

DA AGÊNCIA FOLHA

Na primeira cerimônia desse tipo no Estado de São Paulo, a Igreja Católica promove hoje a beatificação do padre Mariano de La Mata Aparício (1905-1983), na Catedral da Sé, na capital paulista, após o Vaticano ter reconhecido um milagre atribuído ao religioso em São José do Rio Preto (SP). Com a beatificação, abre-se a possibilidade de o padre virar santo.
Segundo o teólogo Fernando Altmeyer, ouvidor da PUC-SP, é a primeira beatificação de um padre realizada no Estado.
O papa João Paulo 2º (1920-2005) havia assinado, em 20 de dezembro de 2004, um decreto no qual reconhecia "as virtudes heróicas" do pároco espanhol, que viveu 53 anos no Brasil. De 1933 a 1961, ele morou na região de São José do Rio Preto. Em 28 de abril deste ano, o papa Bento 16 assinou o decreto no qual oficializou o milagre.
Em 1997, a Ordem de Santo Agostinho do Brasil enviou um relatório ao Vaticano afirmando que o estudante João Paulo Polotto (hoje com 16 anos), atropelado por um caminhão em 1996, foi curado de uma paralisia no lado esquerdo do corpo e de um traumatismo cranio-encefálico sem intervenção cirúrgica após preces ao religioso. Segundo médicos e teólogos do Vaticano, a cura do garoto não teve explicação científica.
Segundo o presidente da comissão episcopal para a cultura, comunicação e educação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Orani João Tempesta, a Santa Sé mandou uma equipe a São José do Rio Preto para investigar o milagre. "Fizemos um tribunal social na cúria, conversamos com médicos, enfermeiros, os pais da criança. Toda a documentação foi encaminhada à Santa Sé", disse dom Orani.
A mãe do garoto, a médica Eliana Lopes da Silva Polotto, 48, foi quem socorreu o filho quando ele foi atropelado: "Um dos médicos que o atenderam disse que só Deus poderia salvá-lo. Eu já estava rezando e o diretor do colégio na época, na mesma hora, começou a rezar para o padre Mariano. Ele convidou cerca de 2.000 alunos e professores da escola a fazer a prece. Imagina a força que deve ter tido tudo isso". Ele ficou em coma por quatro dias. "Quando ele saiu do estado de coma, acordou normal. Nunca fez fisioterapia e não apresentou nenhum tipo de seqüela. O que o Vaticano achou de anormal foi a rapidez da cura... Eu acredito muito que associando a força da fé com a ciência você pode mais do que só com a ciência."


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.