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FORÇA AÉREA
Oferta de helicóptero de transporte é negócio de US$ 100 mi
Boeing e russos são finalistas em disputa da FAB
IGOR GIELOW
COORDENADOR DA AGÊNCIA FOLHA
A disputa dos EUA pelo mercado aerospacial brasileiro e o poder
do lobby de Washington na área
militar do país ganham um novo
capítulo. A Boeing, gigante aerospacial dos EUA, disputa com um
consórcio russo-brasileiro uma
concorrência de US$ 100 milhões
para o fornecimento de helicópteros de transporte pesado da FAB
(Força Aérea Brasileira).
Foram selecionados para a concorrência, chamada CH-X e dispensada de licitação por se tratar
de assunto de segurança nacional,
o megahelicóptero russo Mil Mi-26 e o tradicional CH-47 Chinook
da Boeing. A previsão da FAB é de
comprar quatro unidades.
Com isso, repete-se em termos a
concorrência F-X, polêmica escolha dos novos caças da FAB que se
arrasta há dois anos. Lá também
compete o lobby americano e o
russo -acrescido do francês.
Com a visita de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) ao presidente dos
EUA, George W. Bush, se aproximando, especula-se nos meios
militares que os helicópteros farão companhia aos caças F-16 na
pauta de ""sugestões" de Washington na área comercial.
Há uma resistência, porém, por
parte da FAB após a revelação de
que os militares norte-americanos estão tentando vetar a venda
de aviões de ataque leve Super Tucano da Embraer para a Colômbia. Apesar de a Embraer ser privada, é vista pelos militares como
parte do patrimônio estratégico.
O Mi-26 é ofertado em consórcio pela Rosoboronexport, empresa estatal russa que vende material de diversas fabricantes daquele país, e a brasileira Avibrás.
Como na oferta do caça Sukhoi-35, há o compromisso de transferência de tecnologia dos sistemas.
O Mi-26 é o maior helicóptero
do mundo, capaz de transportar
100 soldados equipados ou carregar 20 toneladas de carga -o
mesmo que leva um avião Hércules C-130. Seu concorrente americano transporta aproximadamente a metade disso.
Em favor dos americanos, há a
tradição e o fato de o Chinook ser
mais conhecido no Ocidente.
Os russos oferecem três pacotes,
com preços não-revelados. Num,
ofertam aparelhos com cerca de
um ano de uso. Noutro, aparelhos
com o chamado "glass cockpit",
com comandos digitais. No terceiro, Mi-26 novos e digitais.
A Boeing apresentará sua proposta amanhã. Depois, equipes de
pilotos da FAB vão testar os concorrentes. A decisão deve ocorrer
no segundo semestre de 2003.
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