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São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2003

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RORAIMA

Deputados da esquerda petista defendem que governador se afaste do partido até término de apurações sobre desvio

Petistas pedem afastamento de Flamarion

OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deputados da esquerda do PT enviaram ontem à Executiva Nacional petista um pedido de afastamento do governador Flamarion Portela (RR) do partido durante as investigações sobre seu suposto envolvimento com o esquema de desvio de recursos públicos do governo de Roraima.
Batizados de "grupo dos 30" na votação das reformas na Câmara -quando se opuseram às alterações na Previdência-, esses petistas dizem que os filiados e simpatizantes estão "chocados" com "a possibilidade real de o nome do PT ser maculado naquilo que é questão de princípio: ética na política e combate à corrupção".
O manifesto foi articulado por duas correntes da esquerda petista: Força Socialista e Democracia Socialista, da qual faz parte a senadora Heloísa Helena (AL), que deve ser expulsa do PT no próximo dia 14. Assinam o manifesto 13 dos cerca de 30 deputados do grupo. A bancada do PT na Câmara tem 93 deputados.
A intenção do grupo é usar o caso Flamarion para dificultar a expulsão de Heloísa Helena e dos deputados Babá (PA), João Fontes (SE) e Luciana Genro (RS), que votaram contra a reforma da Previdência. A esquerda imagina que a cúpula do PT possa retardar o julgamento dos radicais caso o pedido de afastamento de Flamarion seja retirado.
O conteúdo do manifesto foi decidido numa reunião ontem. O esboço foi feito pelo deputado Ivan Valente (SP), da Força Socialista, que coordenou o grupo.
"Destaque-se que o governador afirma que sabia superficialmente que havia algo errado com a folha de pagamento [de Roraima, fonte da suposta fraude]", diz a nota. "O governador, que disse ter vindo para "honrar o PT", saberá entender a atitude diligente da direção partidária", finaliza o manifesto. Portela se filiou ao PT em março, vindo do nanico PSL.
No mandato passado, ele foi vice-governador de Neudo Campos, eleito pelo PPB (atual PP) e que está preso acusado de desviar recursos da folha de pagamento do Estado de Roraima.
Paralelamente ao manifesto, deputados da tendência Movimento PT, de centro, procuraram o presidente da sigla, José Genoino, para reforçar o pedido de apuração irrestrita e defender o afastamento de Portela caso ele não apresente defesa consistente ou surjam fatos que o comprometam.
O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e o líder da bancada, Nelson Pellegrino (BA), defenderam a posição adotada pela cúpula do partido, que é a de dar a Portela o voto de confiança e a oportunidade de se defender.
"Ainda não há nada comprovado. O partido está com a cautela necessária", afirmou João Paulo.

Radicais
Ontem, no Rio, os deputados petistas Babá e Luciana Genro também defenderam a expulsão de Flamarion Portella do partido.
A dez dias da reunião do diretório nacional do PT que deverá homologar a expulsão deles, do deputado João Fontes e da senadora Heloísa Helena, os dois disseram que o episódio é o exemplo do que chamaram de "new PT" (novo PT).
"Ao mesmo tempo que nos mantemos fiéis à história do partido, estamos sendo expelidos do partido. Enquanto isso, seu Flamarion, não só não será expulso, como não será nem sequer ameaçado por uma comissão de ética. Essa é a foto do "new PT", do PT que abraça figuras suspeitas de corrupção, figuras históricas das oligarquias tradicionais do país, como José Sarney, ACM e [Orestes] Quércia", disse Genro.


Colaborou a Sucursal do Rio


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