|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RORAIMA
Deputados da esquerda petista defendem que governador se afaste do partido até término de apurações sobre desvio
Petistas pedem afastamento de Flamarion
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Deputados da esquerda do PT
enviaram ontem à Executiva Nacional petista um pedido de afastamento do governador Flamarion Portela (RR) do partido durante as investigações sobre seu
suposto envolvimento com o esquema de desvio de recursos públicos do governo de Roraima.
Batizados de "grupo dos 30" na
votação das reformas na Câmara
-quando se opuseram às alterações na Previdência-, esses petistas dizem que os filiados e simpatizantes estão "chocados" com
"a possibilidade real de o nome
do PT ser maculado naquilo que é
questão de princípio: ética na política e combate à corrupção".
O manifesto foi articulado por
duas correntes da esquerda petista: Força Socialista e Democracia
Socialista, da qual faz parte a senadora Heloísa Helena (AL), que
deve ser expulsa do PT no próximo dia 14. Assinam o manifesto
13 dos cerca de 30 deputados do
grupo. A bancada do PT na Câmara tem 93 deputados.
A intenção do grupo é usar o caso Flamarion para dificultar a expulsão de Heloísa Helena e dos
deputados Babá (PA), João Fontes (SE) e Luciana Genro (RS),
que votaram contra a reforma da
Previdência. A esquerda imagina
que a cúpula do PT possa retardar
o julgamento dos radicais caso o
pedido de afastamento de Flamarion seja retirado.
O conteúdo do manifesto foi decidido numa reunião ontem. O
esboço foi feito pelo deputado
Ivan Valente (SP), da Força Socialista, que coordenou o grupo.
"Destaque-se que o governador
afirma que sabia superficialmente
que havia algo errado com a folha
de pagamento [de Roraima, fonte
da suposta fraude]", diz a nota.
"O governador, que disse ter vindo para "honrar o PT", saberá entender a atitude diligente da direção partidária", finaliza o manifesto. Portela se filiou ao PT em
março, vindo do nanico PSL.
No mandato passado, ele foi vice-governador de Neudo Campos, eleito pelo PPB (atual PP) e
que está preso acusado de desviar
recursos da folha de pagamento
do Estado de Roraima.
Paralelamente ao manifesto, deputados da tendência Movimento
PT, de centro, procuraram o presidente da sigla, José Genoino, para reforçar o pedido de apuração
irrestrita e defender o afastamento de Portela caso ele não apresente defesa consistente ou surjam
fatos que o comprometam.
O presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), e o líder da
bancada, Nelson Pellegrino (BA),
defenderam a posição adotada
pela cúpula do partido, que é a de
dar a Portela o voto de confiança e
a oportunidade de se defender.
"Ainda não há nada comprovado. O partido está com a cautela
necessária", afirmou João Paulo.
Radicais
Ontem, no Rio, os deputados
petistas Babá e Luciana Genro
também defenderam a expulsão
de Flamarion Portella do partido.
A dez dias da reunião do diretório nacional do PT que deverá homologar a expulsão deles, do deputado João Fontes e da senadora
Heloísa Helena, os dois disseram
que o episódio é o exemplo do
que chamaram de "new PT" (novo PT).
"Ao mesmo tempo que nos
mantemos fiéis à história do partido, estamos sendo expelidos do
partido. Enquanto isso, seu Flamarion, não só não será expulso,
como não será nem sequer ameaçado por uma comissão de ética.
Essa é a foto do "new PT", do PT
que abraça figuras suspeitas de
corrupção, figuras históricas das
oligarquias tradicionais do país,
como José Sarney, ACM e [Orestes] Quércia", disse Genro.
Colaborou a Sucursal do Rio
Texto Anterior: Polícia deverá ouvir depoimento de empresário Próximo Texto: Trecho Índice
|