São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Geral e irrestrita

O questionamento do TSE sobre os R$ 2,2 mi doados à campanha de Lula por empresas do grupo Caemi provocou uma chuva de consultas ao tribunal. Tudo porque a holding -em tese impedida de fazer doações por deter concessão de serviço público- desembolsou pelo menos R$ 12,9 mi este ano, com beneficiários que vão dos governadores eleitos Jaques Wagner (PT-BA) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ) a deputados como Ciro Gomes (PSB-CE), Fernando Gabeira (PV-RJ) e Raul Jungmann (PPS-PE). A MBR, mineradora do grupo que contribuiu com o comitê reeleitoral, doou outros R$ 900 mil a candidatos à Câmara, entre eles os oposicionistas José Carlos Aleluia (PFL-BA) e Jutahy Júnior (PSDB-BA). Toda essa turma torcerá pela aprovação das contas de Lula, para que as suas próprias não sejam questionadas pelo TSE.

Calendário. O julgamento das contas de Lula inicialmente marcado para hoje deve ser adiado a pedido do relator, Gerardo Grossi. Ele quer mais tempo para analisar o material. No TSE, calcula-se que, se a votação ocorrer até amanhã, haverá tempo hábil para que o presidente seja diplomado no dia 14.

Troco. Acusado de arrecadar R$ 5 mi para fazer dobradinha com deputados do PT e de outros partidos, o líder de votação petista em Minas, Juvenil Alves, declarou ao TRE haver doado apenas R$ 3.000 ao candidato a governador de sua sigla, Nilmário Miranda.

Expediente. Formalmente afastado do comando do PT, Ricardo Berzoini despachava ontem na sala destinada ao presidente na sede da sigla, em Brasília. Chegou com sua pasta e se instalou na antiga mesa, sem cerimônia.

Quero o meu 1. Fechou o tempo na reunião da Executiva do PT-SP ontem. O líder do partido na Assembléia, Enio Tatto, acusou Paulo Frateschi de não ter distribuído adequadamente entre correligionários os cargos do governo federal no Estado no primeiro mandato de Lula. "Foi tudo muito mal conduzido."

Quero o meu 2. Decidiu-se, então, criar comissão para levantar, em dez dias, todos os cargos disponíveis em SP. Frateschi, que preside o partido no Estado, encerrou a reunião decretando: "Se resolvam com o Planalto".

Mal menor. Deputados do PP que conhecem bem José Janene desconfiam da vocação do mensaleiro para "homem-bomba", alardeada sempre que se aproxima a votação de sua degola. "Ele prefere ser cassado a ser preso", analisa um correligionário.

Sem volta. Líderes partidários acham que a votação da perda de mandato de Janene, amanhã, será um teste para Aldo Rebelo (PC do B-SP). Diante da suspeita generalizada de "acordão", se não levar o pedido a plenário o presidente da Casa ficará fragilizado para postular a reeleição.

Meu querido 1. Para esvaziar a candidatura de José Agripino (PFL-RN) à presidência do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) trata de adular tucanos com os quais já se bicou. Na semana passada, rasgou elogios a Tasso Jereissati (CE), a quem no passado chamou de "traço".

Meu querido 2. A agenda pró-tucana de Renan incluiu uma forcinha para aprovar dois projetos de Álvaro Dias (PR): um que beneficia Foz do Iguaçu e outro que facilita a punição para advogados ligados ao crime organizado.

Qualquer negócio. Em campanha para continuar ministro da Fazenda, Guido Mantega tomou uma iniciativa inédita: ofereceu-se para fazer balanço da economia no plenário do Senado. A sabatina será no próximo dia 20.

Visita à Folha. Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, e Rodrigo Maia (RJ), líder do PFL na Câmara dos Deputados, visitaram ontem a Folha, a convite do jornal, onde foram recebidos em almoço.

Tiroteio

"O Planalto articula um governo de coalizão. Já a Câmara caminha em rota de colisão".
Do vice-líder do governo BETO ALBUQUERQUE, que é do PSB, partido favorável à reeleição de Aldo Rebelo (PC do B), sobre a disposição do PT e do PMDB para disputar a presidência da Câmara.

Contraponto

Me poupe

Em sessão da Comissão de Sistematização da Assembléia Constituinte (1987-1988), José Genoino, especialista em travar a pauta quando a matéria não interessava ao PT, tentava a todo custo colocar seus dotes em prática durante o debate sobre o conceito de "empresa nacional".
Diante da ginástica verbal empreendida pelo petista, o presidente da comissão, Afonso Arinos (PMDB), perdeu a paciência e interveio:
-Deputado, não me venha com filigranas aracnídeas!
O plenário caiu na gargalhada diante do eufemismo inventado pelo decano para o famoso "papo-aranha".


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