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Para aprovar CPMF, Lula faz acordo com Serra e Aécio
Governadores tucanos se reuniram com senadores Sérgio Guerra e Arthur Virgílio
Planalto se compromete a fazer concessões a Estados em troca do apoio; Mantega volta a fazer ameaças, caso tributo não seja aprovado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fechou acordo com
os governadores tucanos José
Serra (SP) e Aécio Neves (MG)
para tentar obter pelo menos
três ou quatro votos favoráveis
à prorrogação da CPMF entre
os 13 senadores do PSDB.
Para concretizar o acerto, o
Planalto se comprometeu a
apresentar até amanhã uma
nova proposta de concessões
aos Estados em troca do apoio
tucano à emenda que prorroga
o tributo até 2011.
A Folha apurou que Lula ligou para Aécio. O governador
mineiro acertou uma reunião
sigilosa anteontem à noite em
Belo Horizonte com Serra e os
senadores Sérgio Guerra (PE) e
Arthur Virgílio (AM).
Durante a reunião, Serra disse que seria um absurdo o
PSDB não apoiar algo que defendeu no passado. Aécio e Serra argumentaram que, na hipótese do fim da CPMF, haveria
uma retaliação do Planalto
contra os Estados -São Paulo e
Minas à frente.
Aécio disse que o PSDB não
poderia agir como o PT agiu no
passado -os petistas fizeram
oposição radical ao governo
Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002). Os dois governadores vêm trabalhando para
que o partido apóie a proposta
do governo. Porém, reclamaram que o Planalto não articulava com competência.
Nos últimos dias, Lula e o
ministro Guido Mantega (Fazenda) intensificaram os contatos com os governadores.
Ontem, publicamente, Mantega lançou novas ameaças caso a CPMF não seja aprovada.
Desta vez disse que, sem a receita de R$ 40 bilhões por ano,
o governo vai pressionar os Estados para reduzir os gastos e
fazerem mais superávit primário, ou seja, mais economia para pagar os juros da dívida.
Em busca de votos, o Planalto chamou ontem o governador
de Rondônia, Ivo Cassol, para
uma audiência com Lula. Cassol é aliado do senador Expedito Júnior (PR-RO), um dos votos tidos como incertos pelo
Planalto em relação à CPMF.
Lula pediu a Cassol apoio para a aprovação do tributo. Recebeu o governador munido de
números sobre o peso da
CPMF no Estado e o impacto
de programas financiados pelo
governo com verba do tributo.
No encontro, Cassol reiterou
dois pleitos antigos, sendo que
o principal foi o de revisão de
uma dívida de Rondônia com a
União referente ao extinto
banco do Estado. Segundo a reportagem apurou, o governador ouviu de Lula que os pleitos precisam ser resolvidos.
Segundo a Folha apurou, os
tucanos esperam uma proposta que contemple pelo menos
quatro pontos para tentar mudar a posição dos senadores:
antecipar o cronograma de gastos na saúde; limite nos gastos
públicos, não só de pessoal mas
também de custeio da máquina
pública; aumento no repasse de
recursos da Cide (para manutenção de rodovias) aos Estados e corte de impostos nos investimentos de saneamento.
Ontem, Arthur Virgílio e
Guerra disseram que a reunião
com Serra e Aécio não foi suficiente para mudar a posição sobre a CPMF. A pedido dos senadores, os governadores não
estarão no lançamento hoje,
em Brasília, do PAC da saúde.
Em São Paulo, Serra disse
que nem ele nem Aécio vão interferir na decisão dos senadores. "Não tentamos convencer
a bancada. Nossas conversas
são para só para atualizar as informações sobre o assunto."
(VALDO CRUZ E KENNEDY ALENCAR)
Colaboraram AFONSO BENITES, da
Reportagem Local, e LETÍCIA SANDER E
JULIANA ROCHA, da Sucursal de Brasília
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