São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2007

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Berzoini busca acordo para evitar 2º turno

Presidente do PT procurou adversário Jilmar Tatto com proposta de recriar Campo Majoritário pela "união" da sigla

Com quase 100% dos votos apurados, Berzoini somava 43,75% contra 20,51% de Tatto; segundo turno está marcado para ser no dia 16

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

CONRADO CORSALETTE
DO PAINEL

O grupo do presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, candidato à reeleição, procurou ontem o adversário Jilmar Tatto em busca de um acordo que evite o segundo turno do processo eleitoral, marcado para acontecer no próximo dia 16, e recrie o antigo Campo Majoritário do partido.
Com quase 100% da apuração concluída até as 21h de ontem (317,4 mil votos apurados de um total estimado em cerca de 320 mil), Berzoini liderava com 43,75% do válidos, contra 20,51% de Tatto e 18,93% de José Eduardo Cardozo. Valter Pomar somava 11,43%.
Cientes desse cenário, segundo a Folha apurou, emissários de Berzoini, representante da CNB (Construindo um Novo Brasil), a corrente majoritária no partido, procuraram Jilmar Tatto, da corrente PT de Lutas e de Massas, ontem mesmo em busca de um acordo que evitasse a realização de um outro turno.
A CNB, antigo Campo Majoritário, se associou na empreitada a uma parte da corrente Novo Rumo, apoiadora de Tatto. A idéia é que Tatto retire sua candidatura "pela união" do PT e em defesa de Lula. Em troca, seu grupo ganharia mais espaço na máquina do governo.
Articulam o acordo parlamentares como Cândido Vaccarezza e José Mentor (Novo Rumo) e o grupo do deputado federal João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara e integrante da chapa de Berzoini.
Com a estratégia, a CNB espera não depender dos votos da Mensagem ao Partido, grupo de Cardozo e do ministro Tarso Genro, adversários ferrenhos de Berzoini, no segundo turno.

Não quer ouvir
Um eventual acordo daria 70% de força aos petistas envolvidos e criaria um novo Campo Majoritário, ala que dominou o PT com mão-de-ferro até a explosão do mensalão, em 2005. Vale lembrar que Berzoini já foi integrante do PT de Lutas e de Massas.
Tatto, no entanto, diz que não quer ouvir falar do assunto, mas não descarta um acordo de cavalheiros para que o segundo turno seja "light". "Será um debate de alto nível."
O discurso conciliador vai além: "O ideal é que o poder seja repartido. A Construindo um Novo Brasil já tem a maioria da chapa. Seria saudável que o presidente fosse de outro grupo", diz. Nesse caso, ele mesmo.
Mentor também adota um discurso conciliatório. "A campanha que olhava no retrovisor perdeu. O PT está dando uma demonstração de força. Havendo um entendimento, pode sair sim [acordo entre os candidatos]. Mas vai depender de muitas coisas", disse.

Ética
Cardozo centrou sua campanha no primeiro turno no resgate do aspecto "ético" do partido e nas críticas ao escândalo do mensalão [transferência de recursos a parlamentares].
Até o início da noite, seu grupo ainda não havia definido quem deverá apoiar no segundo turno, mas a tendência era que fosse Berzoini.
A participação dos filiados na eleição deste ano ficou acima do quórum registrado em 2005, de 315 mil filiados.
O novo presidente do PT terá mandato de dois anos. Gilney Viana obtinha 3,76% da votação. Markus Sokol, 0,98%, e Miranda 0,65%. Brancos e nulos somavam 22 mil.


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