São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2008

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Gasto de eleitos nas capitais cresce 70%

No ano de 2004, prefeitos que venceram a disputa gastaram R$ 67,8 milhões; em 2008, foram R$ 115,8 milhões, ao total

TSE aponta Kassab como o que mais gastou, R$ 29,7 mi; Marcio Lacerda, em BH, foi o que fez a maior doação para a própria campanha, R$ 4 mi

BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA

Está ficando mais caro vencer eleição no Brasil. O valor total gasto pelos candidatos que se elegeram em outubro para as prefeituras das capitais cresceu 70% em relação a 2004. Ao todo, em 2008, as campanhas vitoriosas nas 26 capitais brasileiras gastaram R$ 115,8 milhões. Em 2004, foram R$ 67,8 milhões, valor já corrigido pela inflação registrada no período pelo IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo). Os dados são das prestações de contas de campanha, divulgadas ontem pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A arrecadação das campanhas acompanhou o aumento nos gastos dos candidatos e cresceu 71,4% em comparação com quatro anos atrás. As eleições deste ano foram marcadas pelo alto índice de reeleição. De 26 capitais, só em 7 o vencedor não estava disputando um segundo mandato consecutivo -e, nessas sete, nenhum deles conseguiu fazer campanhas mais baratas que a dos ganhadores de 2004. Das 5 candidaturas que mais aumentaram os gastos em relação a 2004, 4 não disputavam reeleição: Amazonino Mendes (PTB, Manaus), Roberto Góes (PDT, Macapá), Eduardo Paes (PMDB, Rio) e Marcio Lacerda (PSB, Belo Horizonte). A exceção na lista é a petista Luizianne Lins, reeleita em Fortaleza. Suas despesas cresceram 267% em relação a 2004 -salto de R$ 1,2 milhão para R$ 4,7 milhões. Todos os candidatos que conseguiram reduzir os gastos de campanha em relação à disputa de 2004 buscavam a reeleição. Caso emblemático foi o de Cícero Almeida (PP), que se reelegeu em Maceió, com 82%. O prefeito "economizou" 56% nestas eleições. Gastou R$ 1,47 milhão agora, conforme a declaração entregue à Justiça Eleitoral. Há quatro anos, foram R$ 3,37 milhões. A campanha vitoriosa mais cara entre as capitais foi a do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), que declarou gastos de R$ 29,7 milhões -65% a mais que a do seu padrinho político, o governador José Serra (PSDB). Em 2004, Serra gastou R$ 18 milhões quando se elegeu prefeito. Uma das campanhas que mais chama atenção é a de Marcio Lacerda, em Belo Horizonte, por registrar a maior doação única entre os vitoriosos nas capitais. Lacerda abasteceu sua campanha com R$ 4 milhões próprios.
Custo final
Ganhadores ou perdedores, os quase 380 mil candidatos a prefeitos e vereadores gastaram cerca de R$ 2,2 bilhões nas eleições deste ano, segundo o TSE. Foram R$ 17 por eleitor. O custo final das eleições só será fechado hoje, quando o tribunal consolidará os últimos dados, mas esse número não deve sofrer grandes alterações. Ontem à noite, faltava contabilizar cerca de 2.000 prestações. Não é possível comparar os gastos com os de 2004, já que, naquele ano, o TSE não consolidou as declarações feitas pelos candidatos, a cargo dos tribunais regionais eleitorais (TREs). Em 2006, os candidatos a presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais gastaram cerca de R$ 1,9 bilhão (valores atualizados) -R$ 300 milhões a menos do que agora.


Colaborou ALAN GRIPP , da Sucursal de Brasília


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