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Ministério recupera 53,2 milhões de hectares
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério do Desenvolvimento Agrário recuperou 53,2
milhões de hectares de terras da
União que haviam sido griladas
no Amazonas, Acre, Amapá e Pará. Essa área é maior que o dobro
do Estado de São Paulo -que
tem 24,8 milhões de hectares.
Segundo a pasta comandada
por Raul Jungmann, essas terras
já foram recuperadas em caráter
definitivo, por meio de ações administrativas e judiciais, sem possibilidade de novos recursos.
O ministério ainda tenta recuperar mais 40 milhões de hectares, distribuídos em imóveis rurais de mais de 10 mil hectares cada um, cujos títulos de propriedade supostamente são fraudados.
Jungmann comprometeu-se a
passar ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) a
posse de 20 milhões de hectares,
dos 53,2 milhões já recuperados.
Desses 20 milhões, já foram repassados 7 milhões.
O diretor de áreas protegidas do
Ministério do Meio Ambiente,
Marco Antônio Caminha, disse
que a recuperação dessas terras
vai permitir que o governo cumpra a meta de preservar 10% da
Amazônia, percentual que corresponde a 48 milhões de hectares.
Segundo Caminha, dos 7 milhões de hectares recebidos pelo
Ibama, metade terá proteção integral e metade poderá ter seus recursos explorados, sem corte de
árvores. O restante da área a ser
transferida para o Ibama está sendo classificado. Segundo Caminha, a destinação da área é feita
após uma vistoria, que indica seu
estado: se é mata virgem, se é explorada por população tradicional ou se está sendo desmatada.
Se se tratar de mata virgem, torna-se uma floresta ou parque com
proteção integral. Nos demais casos, pode tornar-se uma reserva
extrativista ou uma floresta com
plano de manejo. As áreas já desmatadas devem ser destinadas a
assentamentos de sem-terra, mas
elas não são repassadas ao Ibama.
Atualmente, segundo Caminha,
cerca de 12 milhões de hectares da
Amazônia estão sob regime de
proteção integral, e outros 10 milhões de hectares estão sob regime
de proteção com uso sustentável.
Para atingir a meta de 48 milhões de hectares com proteção
integral, o Ibama obteve US$ 68
milhões do Banco Mundial, para
usar em quatro anos. O trabalho é
feito em parceria com o Fundo
Mundial para a Natureza (WWF).
A recuperação de grandes áreas
griladas foi iniciada em dezembro
de 99, quando Jungmann assinou
portaria determinando a atualização dos cadastros de todos os
imóveis rurais com área superior
a 10 mil hectares. Ao todo, foram
notificadas pelo Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) 3.065 pessoas, que
supostamente eram proprietárias
de 93 milhões de hectares.
A grande maioria dos supostos
proprietários nem se deu ao trabalho de tentar atualizar o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural, já que seus registros tinham
sido fraudados e não podiam
comprovar a posse da terra, segundo o ministro Jungmann.
Depois de bloqueados os registros nos cartórios, o ministério
começou a recuperar a titularidade das terras -o que já aconteceu
com 53 milhões de hectares.
Dos 40 milhões de hectares em
fase de contestação administrativa ou judicial, o ministério crê que
vá recuperar a maior parte para a
União. A maioria dessas áreas é
de interesse ambiental.
Segundo o Ministério do Meio
Ambiente, o Amazonas é o Estado onde mais se confirmou a
fraude nos registros de imóveis
rurais: 39,6 milhões de hectares.
No Pará, foram 11,4 milhões de
hectares. O Amapá vem em seguida, com 1,3 milhão de hectares. O
Acre, com 765,2 mil hectares.
O Congresso aprovou projeto
de lei que cria o Sistema Público
de Registro de Terras, já sancionado por FHC, que unifica as informações dos órgãos responsáveis pela certificação da propriedade da terra.
(WILSON SILVEIRA)
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