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CULTURA
Ministro vista a Mangueira e anuncia Orlando Senna
Gil define nome para Audiovisual e quer Mindlin na Biblioteca Nacional
FERNANDO MAGALHÃES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro da Cultura, Gilberto
Gil (PV), decidiu convidar o bibliófilo José Mindlin para presidir
a Biblioteca Nacional no governo
Lula. O contato deve ser feito nos
próximos dias. Ontem de manhã,
sem se referir publicamente a nomes, Gil afirmou que pretende
definir até sexta-feira a questão.
A opção por Mindlin foi sacramentada na semana passada por
Gil e assessores, conforme apurou
a Folha. Ex-industrial (foi dono
da Metal Leve) e crítico da política
econômica do governo Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002),
Mindlin tem uma biblioteca com
cerca de 30 mil volumes.
A intenção do ministro da Cultura, caso o bibliófilo não aceite o
convite, é pedir que ele sugira alguém para a função.
Indagado sobre o futuro presidente da Biblioteca Nacional, Gil
não quis falar, na visita que fez
ontem no Rio às escolas de samba
Mangueira e Império Serrano.
À tarde, Mindlin, 88, afirmou
não ter recebido convite. "Eu teria
muita dificuldade para aceitar."
Mas disse que analisaria a proposta, caso procurado pelo ministro. Mindlin mora em São Paulo.
A biblioteca, que é uma fundação,
fica no Rio.
Alas da esquerda do PT fluminense querem a nomeação do
professor da Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Muniz
Sodré para presidir a biblioteca.
De sua equipe, Gil adiantou ontem mais um nome: o cineasta
Orlando Senna, 62, será convidado para a Secretaria do Audiovisual -órgão que coordena parte
da atuação estatal na área de cinema. A intermediação foi feita pelo
cineasta Cacá Diegues.
Senna integrou no Rio a equipe
de Antônio Grassi na Secretaria
Estadual de Cultura na gestão petista de Benedita da Silva (2002).
Coordenou a escola de cinema e
vídeo criada pelo escritor colombiano Gabriel García Márquez em
San Antonio de los Baños, em Cuba. Co-dirigiu o filme "Iracema,
uma Transa Amazônica" (1974).
Orlando Senna foi o único citado ontem por Gil. A Folha apurou
outra escolha ainda mantida em
sigilo: o poeta Wally Salomão para a Secretaria do Livro e Leitura.
Outros nomes foram anunciados antes do fim de semana. O vereador do PV em Salvador e ex-militante da luta armada contra o
regime militar (1964-85) Juca Ferreira será o secretário-executivo
do Ministério. É o cargo mais importante depois do de Gil.
O PT emplacou indicações na
Secretaria do Patrimônio, Museu
e Artes Plásticas (Márcio Meira,
ex-secretário de Cultura de Belém-PA), na Secretaria da Música
e Artes Cênicas (o ator Sérgio
Mamberti) e na presidência da
Fundação Nacional de Arte (Funarte, o ator Antônio Grassi).
No samba
Gil visitou as escolas de samba
junto com o ministro da Cultura
que o antecedeu, Francisco Weffort. O ministério desenvolve projetos em ambas as agremiações.
Na Mangueira, está sendo construído o Centro Cultural Cartola,
um projeto de R$ 2 milhões. A pedido dos fotógrafos, Gil sambou.
No Império Serrano, o ministro
tomou um copo de chope. "Não
posso beber cerveja", disse. "Se
bebo cinco copos de uísque, não
acontece nada. Mas, se beber um
copo de cerveja, eu sinto logo."
Ele disse que criará em São Paulo, por meio da Funarte, um "centro de formação de gestores da
cultura", para atuar preferencialmente em áreas carentes.
Sobre a viagem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a regiões pobres, o ministro disse:
"Estaremos avaliando o que poderemos levar e trazer também na
área da cultura". Após as visitas,
Gil definirá eventuais projetos.
Weffort disse que, por um ano,
dará aulas na Universidade de
Notre Dame, em Indiana (EUA).
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