DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), negou ontem que tenha proposto a criação de cinco megacomissões, com cem deputados cada uma, para discutir as reformas.
"Quem falou isso?", afirmou ontem o deputado ao ser perguntado sobre a proposta que havia defendido um dia antes.
Essa foi a segunda vez que o parlamentar recuou de suas teses. Em entrevista publicada pela Folha na sexta-feira, João Paulo pregou a criação de um rito extraordinário como forma de acelerar o debate sobre as reformas. Na segunda-feira, negou a intenção de mudar o regimento da Câmara.
Os recuos ocorreram após críticas de líderes congressistas, inclusive alguns que compõem a base de governo.
Segundo algumas pessoas ligadas ao deputado, ele estaria negando em público a idéia das megacomissões porque teria a intenção de apresentá-la apenas se houvesse consenso. Além disso, as megacomissões teriam sido pensadas não por João Paulo, mas por outros parlamentares petistas.
No terceiro dia no comando da casa, o deputado, que já foi líder da bancada municipal e estadual do PT de São Paulo, deu poucas declarações.
Na única ocasião que apareceu em público, na posse do ex-deputado petista Jair Meneguelli na presidência do Sesi, negou estar pensando em supercomissões e, questionado sobre os cortes orçamentários que o governo deve anunciar na segunda, em reunião ministerial, demonstrou desinformação: "Que reunião? Ministerial? Não estou nem sabendo, como posso ter avaliação de uma reunião que não estou nem sabendo?", disse.
Sobre o primeiro recuo de João Paulo, o assessor de imprensa do deputado, Luís Costa Pinto, disse que, "na entrevista, ele não propôs mudança, apenas expôs a ansiedade do Congresso de iniciar o debate das reformas, o que é bom para que o Executivo apresse o envio das propostas", disse
(RANIER BRAGON)


Texto Anterior: Orçamento: Governo diz que poupará área social de corte
Próximo Texto: Poço dos desejos: Pedidos no Alvorada rendem 10 kg de moeda
Índice