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Ajuste engoliu R$ 4,1 bi de estatais
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As estatais gastaram 84,2% dos
R$ 25,9 bilhões em investimentos
que estavam programados no Orçamento de 2003, mas o Ministério do Planejamento disse que as
empresas não deixaram de gastar
R$ 4,1 bilhões por causa das metas
fiscais acertadas com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
As estatais, segundo o Banco
Central, tiveram um resultado
primário (receitas maiores que
despesas, exceto juros) de R$ 9,6
bilhões no ano passado, mas a
meta fixada para elas era de R$
10,9 bilhões. Quando a estatal investe, o resultado diminui.
De acordo com a assessoria do
ministro Guido Mantega, o Orçamento não foi integralmente
cumprido principalmente porque
os empréstimos bancários internos e externos ficaram abaixo do
previsto. Até 22,3% das despesas
deveriam ser cobertas com operações de crédito, mas esse percentual foi de apenas 8%.
Somente três empresas -Petrobras, Correios e a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil- obtiveram empréstimos
externos no valor de R$ 1,7 bilhão.
Algumas estatais como as Companhias Docas ligadas ao Ministério dos Transportes receberam
menos recursos do que o previsto
por parte do Tesouro Nacional.
Segundo o relatório de execução
publicado ontem no "Diário Oficial" da União, os repasses do Tesouro foram de apenas 11,5% do
programado para o conjunto das
estatais.
Dos R$ 25,9 bilhões previstos,
R$ 18,7 bilhões deveriam ter sido
feitos pelo grupo Petrobras, mas
as empresas do grupo deixaram
de investir R$ 1,7 bilhão. No grupo Eletrobrás, os investimentos
chegaram a 79,5% do previsto.
Entre as empresas do Ministério
da Fazenda, a Caixa Econômica
Federal gastou apenas 48,2% do
orçado e o Banco do Brasil, 73%.
Os Correios investiram 51,3% dos
R$ 800,8 milhões programados.
A assessoria dos Correios informou que não poderia dar explicações ontem. A assessoria da Caixa
disse que o Orçamento de 2003 foi
elaborado pelo governo anterior.
A instituição optou por rever o
plano de abertura de agências que
estava previsto e, em vez de comprar máquinas e equipamentos,
está fazendo leasing (aluguel) de
novas tecnologias. Além disso, a
instituição tem que lidar com as
regras da Lei de Licitações para fazer suas compras.
Na prática, as empresas que têm
a capacidade de gerar recursos
próprios foram as que mais investiram. Dos gastos realizados em
2003, 80,3% foram feitos com recursos próprios. Os investimentos feitos no exterior somaram
14,1% do total, ou R$ 3 bilhões. O
FMI não considera os investimentos feitos no exterior como
despesas no cálculo das metas.
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