São Paulo, terça-feira, 06 de fevereiro de 2007

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JANIO DE FREITAS

O PAC do PAN

O governo Lula está cortando milhões e recusando repasse aos Estados, para dar ares de viabilidade financeira ao PAC

A MANEIRA como Lula se vangloriou, no seu programa radiofônico de ontem, de que o governo está investindo R$ 1,5 bilhão no Pan do Rio, só não é insultuosa a todo o país se for um atestado de inconsciência administrativa. Nem é preciso invocar os 37% da população que, na mais generosa das estimativas, vive "abaixo da linha de pobreza", eufemismo de economistas para se pouparem de dizer "em miséria absoluta". É suficiente notar que o governo Lula está cortando e catando umas dezenas de milhões aqui, outras ali, e recusando repasses justos aos Estados, para dar ares de viabilidade financeira ao PAC, a sua listagem de providências e obras pró-crescimento econômico.
Por aqueles 15 dias de atletismo regional, poderia bastar-nos que a prefeitura do Rio esteja gastando o que não tem, na construção de estádios e conjuntos imobiliários para atletas, enquanto a cidade padece com a degradação que nem a imprensa apoiadora de Cesar Maia silencia. E não se sabe ainda o que custará esse Pan, com a constante duplicação, triplicação e até mais, como efeitos de mágicas repentinas, do custo das obras e razias para o Pan. As multiplicações espantosas de custo que Mário Magalhães exibiu e comentou, na Folha, eram então partes das mágicas e avançam sem fim previsível. Entende-se: é muito dinheiro para muitos lados.

Anistia
Em jornal, em TV e rádio foi noticiado com destaque, nos dois últimos dias, que a corrente Campo Majoritário, do PT, articula uma operação para "devolver o mandato de José Dirceu", cassado como deputado federal. É uma das tais doidices jornalísticas que acontecem de vez em quando.
Proveniente da eleição de 2002, o mandato de José Dirceu era de uma legislatura já inexistente, com a posse, no dia 1º de fevereiro, dos deputados eleitos em 2006. O que lhe pode ser concedida é a anistia que apenas antecipa o direito de disputar eleição. Anistia que não é concedida pelo presidente da Câmara, como tanto disseram ser o propósito da candidatura de Arlindo Chinaglia, mas por votação do plenário. Ou, em determinados casos, por decisão judicial.

As feras
As torcidas transformaram os estádios em arenas romanas. Como lidar com mais esse costume moderno é um problema. A solução, porém, não está na adesão das polícias à ferocidade, como aconteceu outra vez -agora, no jogo entre os mineiros Cruzeiro e Villa Nova, com a barbaridade de espancamentos até em mulheres e idosos.
Seja qual for a solução tentada, tem que começar pelas polícias. E para chegar às polícias, tem que começar pelos governos. E para que de fato comecem aí, têm que partir dos próprios governadores, ou sempre haverá subterfúgios e desculpas.
Já é tempo de alguém dar atenção séria ao problema. E fazer jogos com portões fechados não é solução séria, porque pune os torcedores pacíficos, que são vasta maioria, e os clubes.


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