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JANIO DE FREITAS
O PAC do PAN
O governo Lula está cortando milhões e recusando repasse aos Estados, para dar ares de viabilidade financeira ao PAC
A MANEIRA como Lula se vangloriou, no seu programa radiofônico de ontem, de que o
governo está investindo R$ 1,5 bilhão no Pan do Rio, só não é insultuosa a todo o país se for um atestado de inconsciência administrativa.
Nem é preciso invocar os 37% da população que, na mais generosa das
estimativas, vive "abaixo da linha de
pobreza", eufemismo de economistas para se pouparem de dizer "em
miséria absoluta". É suficiente notar
que o governo Lula está cortando e
catando umas dezenas de milhões
aqui, outras ali, e recusando repasses justos aos Estados, para dar ares
de viabilidade financeira ao PAC, a
sua listagem de providências e obras
pró-crescimento econômico.
Por aqueles 15 dias de atletismo
regional, poderia bastar-nos que a
prefeitura do Rio esteja gastando o
que não tem, na construção de estádios e conjuntos imobiliários para
atletas, enquanto a cidade padece
com a degradação que nem a imprensa apoiadora de Cesar Maia silencia. E não se sabe ainda o que custará esse Pan, com a constante duplicação, triplicação e até mais, como efeitos de mágicas repentinas,
do custo das obras e razias para o
Pan. As multiplicações espantosas
de custo que Mário Magalhães exibiu e comentou, na Folha, eram então partes das mágicas e avançam
sem fim previsível. Entende-se: é
muito dinheiro para muitos lados.
Anistia
Em jornal, em TV e rádio foi noticiado com destaque, nos dois últimos dias, que a corrente Campo
Majoritário, do PT, articula uma
operação para "devolver o mandato de José Dirceu", cassado como
deputado federal. É uma das tais
doidices jornalísticas que acontecem de vez em quando.
Proveniente da eleição de 2002,
o mandato de José Dirceu era de
uma legislatura já inexistente, com
a posse, no dia 1º de fevereiro, dos
deputados eleitos em 2006. O que
lhe pode ser concedida é a anistia
que apenas antecipa o direito de
disputar eleição. Anistia que não é
concedida pelo presidente da Câmara, como tanto disseram ser o
propósito da candidatura de Arlindo Chinaglia, mas por votação do
plenário. Ou, em determinados casos, por decisão judicial.
As feras
As torcidas transformaram os estádios em arenas romanas. Como lidar com mais esse costume moderno é um problema. A solução, porém, não está na adesão das polícias à ferocidade, como aconteceu
outra vez -agora, no jogo entre os
mineiros Cruzeiro e Villa Nova,
com a barbaridade de espancamentos até em mulheres e idosos.
Seja qual for a solução tentada,
tem que começar pelas polícias. E
para chegar às polícias, tem que começar pelos governos. E para que
de fato comecem aí, têm que partir
dos próprios governadores, ou
sempre haverá subterfúgios e desculpas.
Já é tempo de alguém dar atenção séria ao problema. E fazer jogos
com portões fechados não é solução séria, porque pune os torcedores pacíficos, que são vasta maioria,
e os clubes.
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