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Depoimento, vídeo e bilhete ligam Arruda a suborno no DF
Pivô de novo escândalo disse ter sido procurado por secretário do governador
Segundo Antônio Bento, assessor de Arruda lhe pediu para convencer o jornalista Sombra a favorecer Arruda em troca de R$ 1 milhão
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um depoimento, uma gravação e um bilhete em poder da
Polícia Federal comprometem
ainda mais a situação de José
Roberto Arruda (sem partido),
envolvem pessoas próximas ao
governador e reforçam a suspeita da PF de que ele sabia e
participou da tentativa de suborno de uma das testemunhas
do caso que ficou conhecido como mensalão do DEM.
Anteontem, o funcionário
público aposentado e conselheiro do metrô do Distrito Federal Antonio Bento da Silva foi
preso entregando uma sacola
com cerca de R$ 200 mil ao jornalista Edson Sombra, que havia alertado a PF sobre a tentativa de suborno. Sombra é aliado de Durval Barbosa, o responsável pelas gravações de Arruda com dinheiro e de deputados e empresários escondendo
notas em meias e na cueca.
Em depoimento, Antônio
Bento contou ter sido procurado há 20 dias por Rodrigo Arantes, sobrinho e secretário particular de Arruda. Em nome do
governador, segundo Bento, o
assessor lhe pediu para convencer Sombra a favorecer Arruda em troca de R$ 1 milhão.
"Rodrigo agiu em nome do
governador Arruda", afirmou
Antônio Bento, preso em flagrante entregando a primeira
de cinco parcelas. Ontem, ele
foi levado para a penitenciária
da Papuda. Bento disse ainda
que, durante essa negociação,
esteve seis vezes com Rodrigo,
além de também falar com o sobrinho de Arruda por telefone.
Na véspera de sua prisão, disse ter tratado da entrega com
Rodrigo Arantes na residência
oficial do governo do DF, uma
granja a 20 quilômetros de Brasília. O dinheiro, contudo, só foi
repassado na noite de quarta-feira, numa churrascaria. No
depoimento, ele também disse
que em nenhum momento tratou diretamente com Arruda.
Outro indício capaz de comprometer a versão de Arruda,
que chama de "armação" a tentativa de suborno, é um vídeo
que Edson Sombra afirma ter
entregue à polícia com Antônio
Bento dizendo ter visto parte
do dinheiro com o governador.
Nesse vídeo gravado por
Sombra, Antônio Bento conta
que foi à residência oficial do
governo, onde Arruda despacha. Lá, segundo Bento, o governador abriu a porta do banheiro e apontou para uma caixa onde estariam R$ 500 mil.
Filmado no escritório da casa
do jornalista, o vídeo mostra o
funcionário aposentado levantando, apontando para o chão e
mostrando com as mãos o tamanho da caixa. Sombra diz ter
gravado, até com câmera escondida dentro de um maço de
cigarro, todas as tratativas para
suborno chegar até ele.
Nessa conversa com Sombra,
Antônio Bento apresenta duas
opções para repassar parte da
propina. Em troca, queria o termo de declaração assinado pelo
jornalista afirmando ter trabalhado na edição dos vídeos feitos pelo primeiro denunciante
do mensalão do DEM.
"Os vídeos estavam sendo
manipulados e forjados com o
nítido propósito de incriminar
o governador, deputado locais,
secretários de Estado e até políticos de outros Estados", diz
nota apreendida pela PF que
seria trocada por R$ 200 mil.
Segundo Sombra, essa declaração seria um compromisso
firmado com Arruda para mentir no depoimento da PF. Ele
aceitou assinar a declaração em
troca do dinheiro para que a PF
conseguisse dar o flagrante.
O valor da propina variou. Os
R$ 3 milhões seriam pagos a
Sombra em três parcelas. Incluía um suposto vídeo protagonizado por um ex-secretário
de Joaquim Roriz (PSC), inimigo político de Arruda. "Era para
eu tentar ajudá-lo a sair da crise, conseguir o registro e a filiação de volta no Democratas",
disse Sombra.
Ontem, a OAB pediu a indisponibilidade dos bens de Arruda e dos demais envolvidos no
mensalão do DEM.
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