São Paulo, sexta, 6 de fevereiro de 1998

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Religioso pede proibição de livro sobre sexo
Para bispo, Marta é uma 'permissiva'


LUIS HENRIQUE AMARAL
da Reportagem Local

O bispo de Jundiaí, d. Amaury Castanho, integrante do clero conservador, distribuiu texto ontem em que chama a pré-candidata do PT ao governo, Marta Suplicy, de "permissiva" e sugere que o livro "Sexo para Adolescentes", da deputada, seja recolhido.
O pretexto para as críticas foi a adoção do livro na 6ª série de uma escola de Jundiaí, que fica a 60 km de São Paulo.
Segundo o religioso, o livro de Marta aceita "masturbação e preservativo, homossexualismo e lesbianismo". Sobre virgindade: "nem pensar, é 'tabu', preconceito e atraso".
O texto do bispo não poupa críticas ao PT: "Não entendo, também, como a senhora Marta Suplicy tenha a ousadia de pleitear ser candidata por partido que elegeu ex-guerrilheiros, abortistas e corifeus do homossexualismo".
O bispo diz que os católicos e evangélicos não votarão em Marta "se forem coerentes com a fé e a moral cristã" e que ela não terá nem 5% dos votos. Segundo o Datafolha, ela tem hoje 9% das intenções de voto.
No final, d. Amaury, 70, diz que "ainda é tempo de se voltar atrás, recolhendo o livro".
Informada sobre o texto, Marta ironizou: "Só espero que, além de recolher meu livro, ele não queira me queimar na fogueira, como faziam com as mulheres na Inquisição".
Marta afirmou ainda que o bispo "parece gostar de idéias nazistas" e que "só falta ele fazer uma fogueira na praça e queimá-los". Para a deputada, o livro ensina os adolescentes a encarar a sexualidade como algo bonito, com respeito ao corpo e aos sentimentos.
Segundo Marta, a Rede Globo barrou a participação do autor de novelas Benedito Ruy Barbosa em sua campanha porque ele seria rotulado de petista. A emissora afirma que a decisão foi do autor.



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