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Arruda usou ex-policial para saber de investigações
Celso Ferro, hoje consultor na área de segurança, nega ter feito "espionagem"
Ferro disse em depoimento que deveria informar "fatos que poderiam comprometer" o então governador; defesa de Arruda não comentou
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governador afastado do
DF, José Roberto Arruda (sem
partido), contou com a ajuda de
um policial aposentado para
ser informado previamente sobre investigações capazes de
comprometer sua imagem e
atingir adversários políticos.
Agora, o ex-policial Celso
Ferro, consultor na área de segurança, colabora com os responsáveis pela investigação do
mensalão do DEM.
Há dez dias, Ferro procurou
o Ministério Público e, em depoimento, disse que Arruda pediu que prestasse consultoria
ao governo. Queria que o informasse "de fatos que poderiam
comprometer sua imagem em
vista da reeleição, bem como
informá-lo sobre os passos de
seus prováveis opositores".
A conversa, segundo Ferro,
foi em maio e, diante do pedido
de Arruda, ele elencou fatos
que poderiam comprometer o
governo. À Folha o delegado
disse que produziu ao menos
três relatórios de graça. "Todos
com informações já de conhecimento do governador. Nunca
deixei de avisá-lo", disse, negando tratar-se de espionagem.
A defesa de Arruda informou
que não tem conhecimento de
novos depoimentos e por isso
não iria se pronunciar.
Entre os relatórios elaborados pelo delegado está um informe apreendido pela PF na
casa do ex-chefe de gabinete do
governador no dia em que a
Operação Caixa de Pandora foi
deflagrada, em novembro.
No documento "anotações
pertinentes", Ferro lista a situação de investigações da PF e
do Ministério Público, entre
elas um inquérito sobre o ex-governador Joaquim Roriz
(PSC). O relatório destaca que
autoridades como Arruda e o
vice Paulo Octávio apareciam
em gravações "até o momento
sem comprometimento".
Após o depoimento de Ferro,
dois delegados foram convocados a depor e revelaram como
teria sido a interferência de Arruda. Os depoimentos foram
usados pela vice-procuradora-geral da República, Deborah
Duprat, para justificar a necessidade de manter Arruda preso. Na sessão no STF, o Ministério Público alegou que testemunhas só se encorajaram a falar porque Arruda está preso.
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