São Paulo, Sábado, 06 de Março de 1999
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POLÍCIA FEDERAL
Oficiais foram denunciados por corrupção
Ministro manteve acusados, diz Chelotti

ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília

O ex-diretor-geral da Polícia Federal Vicente Chelotti, 47, disse ontem que o ministro Renan Calheiros (Justiça) não quis exonerar de cargos de confiança quatro membros da cúpula do órgão acusados de desviar recursos de convênio com o INSS. Chelotti disse que não teve nada a ver com a decisão.
"Quando eu voltei do Paraguai, o ministro decidiu licenciá-los, criando uma situação que perdura até hoje, oito meses depois", disse ele à Folha. "Eu achei que a melhor decisão era exonerá-los dos cargos para substituí-los."
Chelotti disse que em julho de 98 queria exonerar os superintendentes Jairo Kullman, do Rio de Janeiro, e Mauro Spósito, do Amazonas, além do chefe de gabinete Alberto Lasserre Filho e o agente Celso Luiz Braga de Lemos. O ministro foi contra e preferiu licenciá-los, afirmou.
Com isso, Chelotti procurou justificar o fato de Lemos continuar trabalhando na sede do órgão em Brasília. Os superintendentes licenciados, disse, continuaram a trabalhar normalmente e sem perder as gratificações dos cargos.
Calheiros disse que licenciou os quatro policiais, em vez de exonerá-los do cargos, para aguardar o resultado de sindicância aberta para apurar o envolvimento deles no desvio de recursos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Superbonder
Chelotti pediu demissão por causa de reportagem da revista "Carta Capital", publicada na semana passada, com gravações de conversas dele e do agente Celso Lemos, ex-assistente de assuntos especiais.
A reportagem atribuiu a ele afirmações de que tinha cola Superbonder na cadeira (para sinalizar que seria intocável) e nas mãos o presidente Fernando Henrique Cardoso por causa de fitas grampeadas em 1995. Chelotti negou as acusações.
Ele distribuiu ontem cópia de sua carta de demissão, entregue na véspera ao ministro Calheiros. Chelotti revelou que na sexta-feira passada recebeu um telefonema de FHC para saber o que tinha achado da reportagem. Na ocasião, disse Chelotti, FHC recomendou que ficasse tranquilo e aguardasse a repercussão.
O cargo de diretor-geral da PF será ocupado interinamente pelo coordenador central Wantuir Jacini. Em 1986, ele foi suspenso por 30 dias sob a acusação de haver negligenciado no serviço durante apreensão de carretas com contrabando de café em Foz do Iguaçu (PR).
O novo superintendente da PF será definido até segunda-feira pelo ministro Calheiros.


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