UOL

São Paulo, domingo, 06 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em debate, petista diz que governo "impôs" seu afastamento de comissões do Senado

Helena se vê alijada pelo PT

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seminário realizado por uma ala moderada do PT -o Movimento PT-, em Brasília, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) reclamou do tratamento que tem recebido da cúpula partidária, criticou os rumos da política econômica e cobrou maior debate interno das propostas do governo.
Muito aplaudida, a senadora afirmou ontem que o PT ""impôs" seu afastamento das principais comissões técnicas do Senado, como CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), para evitar sua participação no exame de questões como a autonomia do Banco Central e as reformas.
"De nada adianta termos batido oito anos no governo e agora não mudarmos os rumos [da política econômica". No momento em que o FMI está sendo desqualificado no mundo todo, nós estamos legitimando esse órgão", disse ela, segundo participantes do evento -fechado à imprensa.
Os integrantes do Movimento PT querem transformá-lo em mais uma tendência (grupo com representatividade) no partido. Cerca de 200 delegados da sigla estavam presentes ao encontro.
Diante do presidente do PT, José Genoino, que também participou do debate, deputados do Movimento PT criticaram a relação do governo com o partido. Para Arlindo Chinaglia (SP), o governo não consegue ter uma ""relação adequada com o PT e com o Congresso". Fernando Ferro (PE) disse que o governo precisa ""estreitar sua comunicação" com o PT, que considera ""insuficiente".
Já o deputado Carlos Santana (RJ) cobrou mais debate interno das propostas polêmicas, como a regulamentação do sistema financeiro, discutida, segundo ele, ficou ""longe da militância".
Segundo um participante, a senadora afirmou estar com uma ""gigantesca preocupação" com os rumos da política econômica e que quer ter o ""direito de falar"". Disse que, se estiver errada, quer ser convencida por argumentos e não ""por punições e ameaças".
Genoino disse que o PT não pode ""tutelar" o governo, mas também não pode ser oposição a ele. Ele disse que o PT precisa ser ""parceiro" do governo, mesmo havendo ""tensionamento". Para ele, o partido tem que manter a unidade de ação, apesar das divergências de opinião.



Texto Anterior: Governo Lula / cem dias: Lula vai à TV defender que evitou desastre econômico
Próximo Texto: Projeto social da era FHC é suspenso pelo governo Lula
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.