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Dossiê começou a ser montado logo depois do Carnaval
Reunião em 8 de fevereiro deu início à definição sobre como seriam organizadas informações dos gastos do governo FHC
Casa Civil não nega a existência dessa reunião, porém não explica como as ordens foram dadas nem como a equipe foi montada
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os primeiros extratos do
dossiê sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que a Casa Civil chama de
banco de dados, foram montados em dez dias.
Segundo a Folha apurou, a
primeira reunião de trabalho
para definir como o material
seria organizado ocorreu logo
após o Carnaval, na semana encerrada na sexta-feira, dia 8 de
fevereiro.
Da reunião participaram a
secretária-executiva da Casa
Civil, Erenice Alves Guerra, o
secretário de Administração,
Norberto Temóteo Queiroz, o
secretário de Controle Interno,
José Aparecido Nunes Pires, a
chefe-de-gabinete de Erenice,
Maria de La Soledad Castrillo,
que também responde pela Dilog (Diretoria de Logística), e o
responsável pela Dirof (Diretoria de Orçamento e Finanças),
Gilton Saback Maltez.
Na segunda-feira seguinte, 11
de fevereiro, segundo arquivo
digital gerado dentro da Casa
Civil, ao qual a Folha teve acesso, os trabalhos de desarquivar
os documentos do arquivo
morto e lançá-los nas planilhas
paralelas começaram a ser feitos nas dependências da Dilog.
Entre a sexta-feira daquela semana, dia 15, e a segunda-feira
da semana seguinte, dia 18, as
primeiras cópias em papel dos
relatórios parciais do banco de
dados paralelo começaram a
ser feitas.
Na quarta-feira, dia 20, como
depois relatou a Folha, a ministra Dilma Rousseff disse a
empresários em um jantar promovido pelo Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial) que o governo coletava dados sobre gastos
da gestão Fernando Henrique
Cardoso. "Não vamos apanhar
quietos", disse ela.
Começo
A Casa Civil reconhece que a
ordem para o início da preparação do banco de dados, baseado
em um conjunto de planilhas
paralelo ao Suprim (Sistema de
Controle de Suprimento de
Fundos), foi dada por Erenice.
A própria Dilma admitiu, em
entrevista na semana retrasada, que a direção do trabalho ficou a cargo de sua subordinada
direta.
A Casa Civil não nega que tenha havido uma reunião de trabalho logo após o Carnaval.
Também não nega que a coordenação dos trabalhos de desarquivar os documentos referentes ao período de 1998 a
2002 e lançá-los nas planilhas
paralelas foi delegada a Soledad, chamada pelos colegas de
Marisol. Mas nega que Erenice
tenha participado dessa reunião e não explica como as ordens foram dadas nem como a
equipe foi montada.
Desde a semana retrasada,
quando foi divulgada pela Casa
Civil nota negando que tivesse
havido a reunião com a participação de Erenice, a reportagem
encaminhou novas perguntas à
Casa Civil sobre o processo de
produção do banco de dados
paralelo e a participação dos
servidores envolvidos na tarefa.
"A Casa Civil, em nota já divulgada à imprensa, informou
que está alimentando banco de
dados com informações do suprimento de fundos do período
de 1998 a 2002, uma vez que já
possui, na referida base de dados, as informações de 2003 a
2008. A gestão da base de dados
é da Secretaria de Administração e o trabalho envolve áreas
de TI (Dirti [Diretoria de Tecnologia da Informação]), Orçamento e Finanças (Dirof) e Logística (Dilog); esclarecemos
que o trabalho de organização
da base de dados envolve as
áreas de TI, Orçamento e Finanças e Logística. Desse modo
a digitação das informações está sendo realizada nas dependências da Secretaria de Administração da Casa Civil, no prédio anexo", respondeu a assessoria da Casa Civil na sexta-feira da semana retrasada.
Várias outras perguntas ficaram sem respostas. Não foi comentada, por exemplo, a participação dos demais servidores
[com a exceção de Erenice] citados nas perguntas feitas pela
reportagem.
Nem por que os gastos de
FHC e Ruth Cardoso foram
agrupados e listados fora de ordem cronológica. Nem por que
foram digitados acompanhados de comentários que extrapolam um mero trabalho burocrático.
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