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REFORMA AGRÁRIA
Produtor de
Goiás diz que
sua fazenda
é produtiva
da Reportagem Local
Defensor da reforma agrária
``dentro da lei'', o produtor Marcelo Malzone, 43, está com suas
terras de 4.090 hectares, a Fazenda
Santa Rosa, no município de Itaberaí, a 100 km de Goiânia (GO)
ocupadas pelos sem-terra desde 30
de novembro passado.
Proprietário rural desde 1983,
Malzone diz que a fazenda nunca
deixou de ser produtiva.
Comercializou 5.000 toneladas
de alimentos em 1995, teve 11.800
bois em confinamento e atualmente, devido às invasões, de
acordo com Malzone, a fazenda é
utilizada na atividade de arrendamento de pastagens.
Desde 23 de março do ano passado, a fazenda já sofreu quatro ocupações. Malzone diz que obteve a
reintegração da posse da Justiça de
Goiás. Ele acusa a o Ministério Público e a Polícia Militar de Goiás de
omissão no cumprimento da ordem judicial.
Malzone afirma que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) está sendo usado como
uma massa de manobra de políticas e da própria Pastoral da Terra.
``Atualmente, em Goiás, o MST
só está invadindo fazendas realmente produtivas e à beira do asfalto'', diz.
Para Malzone, o MST é ``absolutamente manipulado''. Ele desafia:
``Se uma amostra de cem sem-terra fosse submetida a uma banca
examinadora de produtores rurais, a maioria não passaria''.
Desapropriação
O produtor nega que haja um
processo de desapropriação da Fazenda Rosa. ``O Incra está mentindo aos acampados, está mentindo
à sociedade'', acusa.
Segundo Malzone, a invasão da
Fazenda Santa Rosa está se tornando o fato político mais importante do Estado de Goiás.
``O governo estadual só tem uma
atitude a tomar: fazer cumprir a
lei, porque as lideranças estaduais
do MST estão incitando os acampados à resistência, falam que não
obedecerão a ordem judicial. Considero isso um fato da mais alta
gravidade, porque é a mesma coisa
que rasgar a Constituição.''
Apesar de sua disputa com o
MST, Malzone se diz a favor da reforma agrária, mas discorda da
maneira que ela está sendo feita
pelo Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária).
``O que está havendo no Brasil
não é reforma agrária, é conflito
agrário. Não é redistribuição de
terra, é redistribuição de miséria
agrária'', afirma.
Malzone diz que considera grave
o fato de que o governo federal diz
que faz, mas não faz a reforma
agrária.
``Isso acaba deixando os
sem-terra de fato, não os oportunistas -a grande maioria são
oportunistas-, numa situação
muito ruim e os produtores de fato
também numa posição muito
ruim. Com coragem, estímulo, ou
segurança alguém vai investir na
sua fazenda hoje, fazer um financiamento de médio prazo, sabendo que suas terras podem ser invadidas da noite para o dia?''
(ANTONIO CARLOS SEIDL)
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