São Paulo, sábado, 06 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RETIRADA
"Se não ocorrer negociação nos próximos dias, o governo sabe o que poderemos fazer", diz sem-terra
MST deixa prédios, mas ameaça voltar

da Sucursal de Brasília e

da Sucursal do Rio
O coordenador nacional do MST Jaime Amorim disse ontem que os sem-terra voltarão a invadir fazendas e prédios públicos se o governo não designar um integrante da equipe econômica para negociar suas reivindicações. "Se não ocorrer negociação nos próximos dias, o governo sabe o que poderemos fazer", disse. "Nós vamos continuar ocupando latifúndios e, se necessário, prédios públicos."
Apesar da ameaça, Amorim pediu a ajuda da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para tentarem mediar uma audiência com o governo. D. Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastoral da Terra, disse que o objetivo da igreja "é encontrar caminhos em que não haja vencedores nem vencidos".
As novas atividades do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) serão decididas na próxima semana. Está previsto que os sem-terra irão engrossar os protestos programados para a votação do novo salário mínimo no Congresso, agendada para a próxima quarta-feira.
Segundo o MST, houve desmobilização dos militantes em Brasília e em 20 dos 22 Estados onde promoveram protestos nesta semana. Uma comissão de sem-terra continuará em São Paulo por causa da prisão de 20 militantes.
Cerca de 450 militantes do MST cumpriram o compromisso de deixar espontaneamente o prédio da superintendência do Incra em Brasília. "Se houve danos, pagaremos", disse Amorim. Eles fizeram acampamento em frente do Ministério da Fazenda, onde protocolaram 50 reivindicações.
O MST quer aumentar o orçamento da reforma agrária de R$ 1,2 bilhão para R$ 4,6 bilhões.
Na entrevista, Amorim classificou como "chacota" as medidas anunciadas pelo governo para conter as invasões: "Quem sabe agora vamos ocupar o latifúndio produtivo, já que não podemos fazer ocupações de terras improdutivas, como ficou proibido pelo governo. Ocuparemos os produtivos para exigir a desapropriação dos improdutivos e assim não estaremos desrespeitando a lei."
No Rio, os 300 militantes do MST que estavam desde terça-feira no saguão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no Rio, encerraram a invasão ontem às 8h30. Eles obedeceram à orientação da direção nacional do MST. Homens, mulheres e crianças deixaram o prédio juntos, carregando cruzes em homenagem ao sem-terra morto no Paraná, e se instalaram no gramado ao lado da sede do banco, onde ficarão acampados em barracas de lona.


Texto Anterior: Iniciativa cabe ao MST, diz governo
Próximo Texto: Movimento só mantém invasão em MT
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.