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RETIRADA
"Se não ocorrer negociação nos próximos dias, o governo sabe o que poderemos fazer", diz sem-terra
MST deixa prédios, mas ameaça voltar
da Sucursal de Brasília e
da Sucursal do Rio
O coordenador
nacional do MST
Jaime Amorim disse ontem que os
sem-terra voltarão
a invadir fazendas e
prédios públicos se o governo não
designar um integrante da equipe
econômica para negociar suas reivindicações. "Se não ocorrer negociação nos próximos dias, o governo sabe o que poderemos fazer", disse. "Nós vamos continuar
ocupando latifúndios e, se necessário, prédios públicos."
Apesar da ameaça, Amorim pediu a ajuda da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil)
e da OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) para tentarem mediar
uma audiência com o governo. D.
Tomás Balduíno, presidente da
Comissão Pastoral da Terra, disse
que o objetivo da igreja "é encontrar caminhos em que não haja
vencedores nem vencidos".
As novas atividades do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) serão decididas na próxima semana. Está previsto que os sem-terra irão engrossar os protestos programados para a votação do novo salário mínimo no Congresso, agendada para a próxima quarta-feira.
Segundo o MST, houve desmobilização dos militantes em Brasília e em 20 dos 22 Estados onde
promoveram protestos nesta semana. Uma comissão de sem-terra continuará em São Paulo por
causa da prisão de 20 militantes.
Cerca de 450 militantes do MST
cumpriram o compromisso de
deixar espontaneamente o prédio
da superintendência do Incra em
Brasília. "Se houve danos, pagaremos", disse Amorim. Eles fizeram
acampamento em frente do Ministério da Fazenda, onde protocolaram 50 reivindicações.
O MST quer aumentar o orçamento da reforma agrária de R$
1,2 bilhão para R$ 4,6 bilhões.
Na entrevista, Amorim classificou como "chacota" as medidas
anunciadas pelo governo para
conter as invasões: "Quem sabe
agora vamos ocupar o latifúndio
produtivo, já que não podemos
fazer ocupações de terras improdutivas, como ficou proibido pelo
governo. Ocuparemos os produtivos para exigir a desapropriação
dos improdutivos e assim não estaremos desrespeitando a lei."
No Rio, os 300 militantes do
MST que estavam desde terça-feira no saguão do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), no Rio, encerraram a invasão ontem às
8h30. Eles obedeceram à orientação da direção nacional do MST.
Homens, mulheres e crianças deixaram o prédio juntos, carregando cruzes em homenagem ao
sem-terra morto no Paraná, e se
instalaram no gramado ao lado
da sede do banco, onde ficarão
acampados em barracas de lona.
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